Segundo o colunista Maurício Stycer, do portal UOL, a CNN Brasil tem por objetivo ser o canal do debate, e em sua preocupação em buscar sempre a pluralidade e não apresentar um lado no debate político, a emissora, de maneira frequente acaba por pecar pela omissão, ao não se pronunciar diante de situações absurdas que são mostradas em seus debates, e desta maneira, acaba sendo alvo de piadas quando exibe posicionamentos caricaturais.

Este tipo de situação pode ser chamada de "síndrome do pior debate possível" —o diálogo pode seguir os mais variados rumos, porém sempre é escolhido o pior caminho, e é este que será lembrado posteriormente.

Este tipo de situação acontece todos os dias no canal, quando se é dado espaço a vozes extremadas, que defendem posicionamentos negacionistas da realidade e ainda fazem uso da falsa equivalência de argumentos.

Ou ainda quando os comentaristas fazem malabarismos retóricos para sugerir isenção, ou mostram contrapontos visivelmente forçados com a intenção de passar uma impressão de que determinados debates ocorrem de maneira equilibrada.

Ainda segundo o colunista, a síndrome do pior debate possível, a bem da verdade, não ocorre somente na CNN Brasil. Canais de notícias que concorrem com a emissora também dão sinais de que sofrem com esta síndrome. Como, por exemplo, a GloboNews, que no último sábado (13) promoveu um debate com o tema fake news.

Estavam presentes no debate um deputado que foi condenado por disseminar notícias falsas e uma deputada acusada de usar deste expediente contra seus antagonistas.

Mas na CNN Brasil, talvez pelo ímpeto que se dedica à causa de buscar equilíbrio e pluralidade, o problema apareça com uma frequência bem maior. Um exemplo disto foi o que ocorreu na tarde do último domingo (14).

Na ocasião, um dos debatedores da emissora, Leandro Narloch, tentou defender a possibilidade de que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) poderia estar sendo vítima de um erro de interpretação depois que incentivou seus seguidores a entrarem em hospitais e filmassem se os leitos estão realmente ocupados.

O problema é que as palavras de Bolsonaro estão registradas na live e dá para entender claramente ele quis dizer para seus apoiadores invadirem hospitais e fazerem filmagens.

Lembrando que é proibida a entrada de pessoas não autorizadas em unidades de saúde dedicadas ao tratamento da covid-19, pois isto pode expor as pessoas ao risco de contaminação pelo novo coronavírus.

Repúdio

A fala de Bolsonaro foi repudiada de maneira quase unânime por governadores, parlamentares, membros do poder Judiciário, entre outras organizações. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes ressaltou que é crime estimular a invasão de hospitais. Quem concorda com a tese de Narloch é o vereador Carlos Bolsonaro, o filho do presidente da República chamou de “doente mental” aqueles que entenderam que Jair Bolsonaro quis incentivar as pessoas a invadirem hospitais.