Mais uma atração que fala sobre zumbis chegou recentemente à Netflix: a série brasileira “Reality Z”. O elenco da produção de dez episódios conta com: Ana Hartmann, Sabrina Sato, Guilherme Weber, Emílio de Mello, Ravel Andrade, João Pedro Zappa, Julia Ianina, Pierre Baitelli, Jesus Luz, Carla Ribas, Wallie Ruy, Gabriel Canella, Natália Rosa, Priscila Assum, Teca Pereira, Leandro Daniel, Hanna Romanazzi, Arlinda Di Baio, Erom Cordeiro e Enzo Romani. A série é uma criação de Cláudio Torres baseada na minissérie inglesa “Dead Set” (2008) da mesma mente criativa por trás de “Black Mirror”.
A trama
A produção brasileira narra o drama em que os competidores, equipe técnica e anfitriões de um reality show, (o programa Olympus) se veem às voltas com as consequências de um apocalipse zumbi no Rio de Janeiro. Ao longo da série, outros personagens irão chegar ao estúdio onde a atração é gravada.
O que esperar da série
Vários clichês do gênero estão presentes, como zumbis aterrorizantes, mortes brutais, as clássicas cenas trash de zumbis se alimentando de vísceras humanas, o que fez a série ser classificada para maiores de dezoito anos. O gênero não é comum em produções audiovisuais brasileiras, mas os efeitos especiais e visuais não decepcionam, embora não dê para comparar com produções internacionais com alto investimento.
O elenco com uma quantidade enorme de atores se justifica, pois a série se divide em duas partes. A primeira conta somente com os participantes do reality show e as pessoas que estão envolvidas na atração. Na segunda parte da série, entram em cena um grupo heterogêneo de pessoas que se encontram por causa das circunstâncias do destino.
Assim como acontecia com a finada série “Game of Thrones”, absolutamente nenhum personagem tem garantia de que chegará vivo ao final da temporada. Na primeira fase da obra o protagonismo ficou com a personagem Nina (Ana Hartmann), ela é uma assistente na emissora que está insatisfeita com seu trabalho e acha que merece uma função mais relevante na empresa.
Antes do apocalipse zumbi, Nina era apenas uma funcionária que passava quase que despercebida de todos. Depois dos trágicos acontecimentos mostrados na trama, ela demonstra uma liderança natural para lidar com a trágica situação. Alguns outros aspectos mais íntimos da personagem são mostrados na série, e a pergunta que talvez fique na cabeça do público é: com qual finalidade? Uma vez que a cena mais íntima da personagem não acrescenta em nada para a trama.
Este é um dos grandes problemas da produção: o desenvolvimento dos personagens é feito de forma apressada e não acrescenta à trama. Alguns personagens são ridiculamente clichês, como o inverossímil Brandão (Guilherme Weber), o egocêntrico e tirânico diretor do reality show, cuja interpretação do ator é absurdamente exagerada.
Algo parecido acontece com o personagem Alberto Levi (Emílio de Mello), um deputado corrupto que, mesmo em meio ao caos, luta por uma maneira de estar no controle da situação, custe o que custar.
A série até tenta abordar temas mais sérios como preconceito racial, luta de classes e críticas à indústria do entretenimento, mas tudo é feito de maneira rasa e pouco convincente. Com um pouco de boa vontade, até dá para se divertir com “Reality Z”, desde que se a considere uma obra trash.