As principais vítimas de violência no Brasil são os pretos e pardos. Segundo um relatório da Rede de Observatórios da Segurança, 75% dos mortos pela Polícia no Brasil são negros (pretos e pardos). A pesquisa foi realizada na Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

A taxa de homicídios no Brasil entre os homens negros é gritante, são 200 pessoas mortas para cada 100 mil habitantes.

Cultura do medo nas comunidades negras

Segundo o relatório, as crianças dos bairros periféricos aprendem a ter medo da polícia, pois sabem das abordagens e revistas muitas vezes não têm justificativa.

A cultura do medo nasce de prisões, agressões e flagrantes falsos, assim como de torturas que levam à morte de pessoas que estão em situação de pobreza atrelada à cor da pele.

O texto ainda narra a história de um vídeo em que um policial aborda um jovem de 16 anos em um bairro de Salvador. As palavras desferidas contra o jovem, assim como os socos e chutes, mostravam total desrespeito ao estilo do menor. A repercussão do fato chegou ao governador da Bahia, Rui Costa, que precisou condenar a ação policial publicamente.

Segundo os analistas, as ações policiais de cunho violento acontecem nas áreas onde está a predominância de povos negros e ocorrem através de abordagens levando em consideração uma cor padrão.

Tal atitude ocorre devido a uma construção histórica de um estereótipo, relacionando-os ao crime e classificando-os como seres perigosos.

Rede de Observatórios da Segurança

O projeto foi desenvolvido pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESCeC) e foi lançado no dia 28 de maio de 2019, estando sob a coordenação geral de Silvia Ramos, cientista social.

A base de dados para este resultado foi colhida pela análise de notícias divulgadas pela imprensa e nas redes sociais que demonstraram os relatos quanto a segurança pública nos estados já citados, entre 1º do mês de junho de 2019 e 31 de maio de 2020.

Falha no registro de negros vítimas da polícia

As informações não fornecem dados suficientes quando ao racismo e a injúria racial, pois dos 12.559 registros, apenas 50 tem essa referência.

Diante disso, o relatório faz uma crítica à postura da imprensa por não divulgar a cor das vítimas. Isso porque, para os relatores, somos um país que foi marcado pela escravidão, imposta pela elite colonial que por longos anos concedeu privilégios e desvantagens usando como premissa a cor humana.

Agressões contra mulheres negras

Em relação às taxas de feminicídio, a quantidade de mulheres negras vitimadas sobe para 61% em comparação com as brancas. Cerca de 1.408 casos foram registrados nos cinco estados já citados e que passaram pelo monitoramento da Rede.

Os casos dizem respeito às tentativas de agressão físicas e verbais, feminicídio, torturas, abuso, dentre outros. Em relação às tentativas de assassinatos contra as mulheres foram registrados cerca de 69% desde total.

PM foi assassinada na segunda-feira (13) pelo ex-marido

Na última segunda-feira (13), a Sargento da Polícia Militar de Santa Catarina, Regiane Miranda, de 37 anos, foi morta pelo ex-marido que não aceitava o fim do casamento. O suspeito tirou a própria vida logo em seguida. A PM era membro de um programa que visava defender mulheres da violência doméstica.

A vítima deixou dois filhos pequenos e foi velada e enterrada na cidade de Forquilha, nesta quarta-feira.