Provando que timing é tudo, a Netflix estreou na quarta-feira (29) a produção polonesa "Rede de Ódio". Em tempos em que supostos gabinetes do ódio atacam e tentam destruir reputações, o filme do diretor Jan Komasa tem tudo para atrair a atenção dos assinantes da plataforma de streaming que se interessam pelo tema.

A trama

Tomek (Maciej Musialowski) é um jovem de origem humilde que cursa a faculdade de Direito, mas acaba sendo expulso por ter cometido plágio. A faculdade era paga por uma família rica que o conhece desde quando ele era criança.

Tomek então desenvolve uma obsessão por esta família rica e principalmente pela filha mais nova do casal, Gabi (Vanessa Aleksander).

As coisas se complicam para o protagonista quando esta família descobre que ele não está mais cursando a faculdade e passa a rejeitá-lo, ele então consegue emprego em uma agência de publicidade, sem nenhum escrúpulo, e encarregado de destruir a reputação de um político progressista.

Como dito anteriormente, a premissa do filme é falar sobre notícias falsas e as consequências trágicas que elas podem causar na vida das pessoas, mas "Rede de Ódio" vai além e aborda outros temas, como a crise que a Europa enfrenta na questão de como lidar com os imigrantes e também mostra a polarização que este tipo de situação provoca.

O protagonista é um alpinista social, brilhante e determinado, porém sem um código de conduta moral.

O ator Maciej Musialowski com sua interpretação contida dá um ar sombrio ao personagem. Tomek é uma espécie de Tom Ripley, e nada é capaz fazer com que ele se desvie do caminho que traçou para atingir o sucesso. Não fica claro no filme as motivações do personagem.

Pontos fracos

O filme apresenta alguns pontos que podem ser considerados como problemáticos, como, por exemplo, a empresa de marketing em que Tomek vai trabalhar é retratada de forma um pouco inverossímil, pois são mostradas cenas explícitas de assédio moral.

Fica estranho também imaginar a chefe desta agência, uma mulher cruel e inteligente cair de maneira tão fácil nas armadilhas do jovem Tomek. Outras situações pouco convincentes na trama acontecem quando várias pessoas, mesmo com toda a genialidade do protagonista, conseguem descobrir suas mentiras e mesmo assim ele ainda consegue levar adiante seus planos.

O que talvez dê para entender do complexo personagem é que o que importa para ele é somente atingir o sucesso, não importa qual seja a causa, pois ao mesmo tempo, em que ele trabalhava para arruinar a carreira de um político, ele também estava tramando para que este mesmo político vencesse a corrida eleitoral. Desta maneira, qualquer um dos lados que saísse vencedor, o agradaria, pois ele estava trabalhando nas duas frentes de batalha.

Também pode se entender na produção de 2h15min uma espécie de citação ao filme de David Fincher “A Rede Social”, que contava a história do criador do Facebook, Mark Zuckerberg, no filme é mostrado a todo o momento uma rede social com um layout que usava a cor azul. E era basicamente por esta rede social que eram realizadas a campanha difamatória do protagonista contra suas vítimas, recado dado.