O livro de Ayn Rand, "A Revolta de Atlas", foi escrito em 1957. Ele divide posicionamentos e aparece na lista de best-seller há 50 anos.

O enredo de 'A revolta de Atlas', de Ayn Rand

O livro escrito por Ayn Rand, A revolta de Atlas, é uma distopia.

O nome já dá dicas sobre o contexto. Atlas faz parte da mitologia grega e carrega o mundo nas costas.

No livro, o mundo está tomado por Repúblicas Populares e os Estados Unidos são o último reduto de propriedade privada existente, por enquanto. Políticos corruptos usam desculpas baseadas no “bem comum” para apropriar a propriedade individual.

A população empobrecida, vive à margem da sociedade, passa fome e já não demonstra esperanças de um futuro melhor.

A personagem principal do livro (Dagny Taggard) é uma mulher forte e destemida. Dagny é uma empresária que controla a maior ferrovia do país, mas que não detém o título de Presidente da Companhia. Este, fica com o seu irmão James Taggard.

James Taggard usa sua influência junto aos governantes para aprovar uma série de medidas políticas que favorecem a companhia. Expropriação de linhas ferroviárias, planos de unificação de linhas, proibição de aumento de salários, empréstimos, etc.

Apesar disso, essas medidas não são fundamentadas em um plano prático e suas benesses causam mais problemas do que solução.

No fim, quem sempre é chamado para resolver todos os problemas é Dagny (e aí a comparação com Atlas).

O papel da protagonista feminina demonstra o início do debate do papel da mulher na sociedade. É um debate tímido, que não figura como centro da narrativa. Dagny, uma mulher que atua no alto escalão de uma grande empresa, será uma mulher submissa quando o assunto for relacionamento.

Apesar da personagem principal, o embate presente em A revolta de Atlas é o conflito entre o Estado e a iniciativa privada. Na época em que Ayn Rand escreveu o livro (1957), o mundo estava dividido entre duas ideologias políticas: o Comunismo e o Capitalismo. A divisão era clara e as fronteiras eram como cortinas de ferro, inflexíveis.

A ideologia política de Ayn Rand

A autora, Ayn Rand, nasceu na Rússia, pouco antes da Revolução Comunista, e radicou-se nos Estados Unidos. A autora se posicionava contra o coletivismo e o estatismo, e chegou a defender publicamente suas ideias. Ela era uma apoiadora do sistema político capitalista que, segundo seu entendimento, era baseado na capacidade e mérito individual do indivíduo.

A filosofia de Ayn Rand

Ao se posicionar contra o coletivismo e o estatismo, Ayn Rand chegou a desenvolver a própria filosofia: o Objetivismo.

Segunda essa filosofia, o egoísmo racional se sobrepõe ao altruísmo. O homem é o único responsável pela própria felicidade. A autora não seguia nenhuma religião.

Embora a filosofia objetivista tenha sido rejeitada nos meios acadêmicos, ela é seguida por muitos indivíduos.

Ela é seguida, em especial, pelos defensores do laissez-faire, dos direitos individuais e da propriedade privada.

Assim, o posicionamento da autora é claro. Ayn Rand defende o Estado mínimo e a propriedade privada. Ela defende o Capitalismo laissez-faire, o self-made men e os Estados Unidos que conhecemos atualmente. Prova disso é que Ayn Rand usou o símbolo do cifrão do dólar.

Muito tempo se passou desde a publicação do romance. O mundo superou a dicotomia entre Comunismo e Capitalismo. Na verdade, no mundo atual, diferentes regimes políticos coexistem e as pessoas são livres para escolher o regime que mais as agrada (com uma exceção). Mas, novas divisões sempre surgem para opor dois lados de uma mesma sociedade.

As eleições presidenciais do Brasil em 2018 são um retrato da polarização social. Por isso, "A Revolta de Atlas" é uma leitura que continua atual.

Enquanto houver o poder do Estado, Ayn Rand será necessária. O livro é um manifesto sobre a importância da iniciativa privada e das liberdades individuais, além de uma introdução ao objetivismo. Mais tarde, a autora iria desenvolver e aprofundar as bases desse pensamento.

No entanto, o texto em "A Revolta de Atlas" também leva o leitor a pensar sobre si mesmo e sobre o seu posicionamento no mundo.

É feita uma grande crítica às pessoas que dependem de alguma entidade, de políticas públicas e ações sociais. Sim, há uma crítica ao Estado de bem-estar social, à anarquia e ao socialismo.

A ideia da obra é a de que o indivíduo deve lutar, sozinho, para suprir as suas próprias necessidades.

A certeza de que o indivíduo é único responsável pela sua própria felicidade, um dos pilares do objetivismo, está presente em toda a obra; e é repetido inúmeras vezes.

No geral, é um livro que defende a liberdade irrestrita.

Liberdade de ser, de estar, de trabalhar, de pensar e de existir como o único responsável pela sua própria existência.