No dia seguinte em que afirmou para um apoiador que o Brasil estava "quebrado", o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou na quarta-feira (6) que, na verdade, o país está uma "maravilha".

Se para Bolsonaro em um espaço de poucas horas o país passou de um estado lastimável para uma situação maravilhosa, uma coisa continuou a mesma para o morador do Palácio da Alvorada, a atuação da imprensa.

E o Lula, e o PT?

Bolsonaro falou sobre sua declaração de terça-feira (5) e tentou consertar o que havia dito e afirmou que, na verdade, a situação do país está ótima.

“Confusão, você viu? Eu falando que o Brasil estava quebrado. Não, o Brasil está bem, uma maravilha", disse.

E assim como havia feito anteriormente, voltou a atacar a imprensa. Bolsonaro disse que o Brasil está em uma boa situação e que foi a imprensa que provocou toda a reação negativa em relação à sua fala anterior.

O amigo de longa data de Fabrício Queiroz classificou o setor jornalístico como "sem vergonha".

Não é novidade para ninguém que o mandatário raramente assume as consequências de seus atos e de suas palavras.

Bolsonaro nunca abandonou seu característico tom beligerante, ainda que em alguns momentos ele tenha diminuído o tom de suas críticas aos seus adversários políticos, tanto os reais quanto os imaginários.

As recorrentes críticas às figuras de esquerda já não eram mais tão comuns na fala do presidente. Mas como tem dito alguns comentaristas políticos, Bolsonaro voltará a atacar os velhos alvos de sempre, como os ex-presidentes petistas Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

Parece que os analistas estavam certos em suas previsões, Bolsonaro, como diz o ditado: acertou dois coelhos com uma cajadada só, ao dizer que a imprensa achava que a situação estava boa na época de Lula e Dilma, quando a imprensa ganhou com o Governo do PT R$ 3 bilhões, disse o presidente sem apresentar de onde veio a quantia bilionária.

As falas de Bolsonaro ocorreram no mesmo palco de suas declarações de terça-feira (5), na porta do Palácio da Alvorada, em que normalmente o presidente usa para conversar com seus apoiadores que em tempos de pandemia ainda se aglomeram no espaço que recebeu o apelido de "chiqueirinho".

Deste local, em dois anos de mandato, o presidente já fez várias declarações polêmicas que muitas das vezes não agradaram nem mesmo aos seus próprios apoiadores e aqueles que fazem parte de seu governo.

Como, por exemplo, a desastrada fala do presidente sobre o Brasil estar quebrado. A declaração vai de encontro ao que tem declarado o ministro da Economia, Paulo Guedes.

O ministro e toda a sua equipe econômica têm, compreensivelmente, tentado passar uma imagem de tranquilidade para o mercado, ainda que sem dizer claramente o que o leva a crer numa rápida recuperação do país na pandemia.