A situação atual em que nos encontramos nos traz um sentimento de frustração cada vez mais gritante, e as redes sociais nos apontam isso. A criação de conteúdo digital duplicou, lives quase diárias... tudo para mostrar que, apesar de isolados, não estamos parados. Isso não seria um tema a ser levado como algo negativo, não fosse a cobrança vinda de nós mesmo e de outros ao nosso redor.
Eu defino meu tempo ou ele me define?
A pressão da produtividade sempre existiu, mas será mesmo necessário aumentar o volume das músicas agudas que são sempre estressantes quando os medos e as preocupações parecem falar alto?
A adaptação necessária é uma coisa. Por exemplo, profissionais que agora precisam adaptar-se ao serviço online porque fugir de casa é realmente proibido –isso, claro, aumentará o fluxo de informações na internet.
Convencer as pessoas de que o tempo que antes ficava no ônibus ou metrô agora deve ser voltado para fazer coisas que possam melhorar sua profissão (ou seu bem-estar como um todo). Existem várias situações aí: pessoas que estão desempregadas devido a uma crise, pessoas que trabalham a partir de casa, pessoas que estão com filhos e trabalham em casa, pessoas que estão com grupos de risco próximos ou pessoas que sentem dores. Acreditar que todas essas situações podem ser facilmente integradas à rotina de produção, isso é mentira.
A coisa mais produtiva que todos podem fazer agora é processar um dia de cada vez e determinar suas próprias necessidades a cada momento. A cultura da produtividade trouxe-nos aqui, vamos enfrentar a realidade, desencadeou argumentos polêmicos sobre a necessidade do isolamento social. Para termos um dia a dia saudável no meio disso tudo, precisamos repensar nossas metas e formas de chegar até nossos objetivos sem nos perdemos no processo.
Mudar a visão do que acontece ao redor
A maioria dos sentimentos improdutivos que temos está relacionada ao tempo gasto observando a vida dos outros. Por um lado, as redes sociais são a porta de entrada para o mundo exterior. Parece que este mundo está mais longe, mas também pode fazer com que as pessoas sintam que estão falhando em suas atividades e metas.
A sensação de ficar para trás, de não participar e de não fazer nada nos corrói por dentro.
Para muitas pessoas, é um dia cheio de atividades que mantêm suas mentes ocupadas –se isso pode ajudá-las a reduzir a ansiedade e se concentrar em coisas que não se pode controlar, algo considerado ótimo. Para muitos outros, é o esforço para conseguir fazer o mínimo, como levantar-se e comer antes do meio-dia.
As pessoas respondem a períodos de estresse extremo de maneiras diferentes e tentam manter um conceito de produtividade capitalista que busca primeiro o lucro e, como já sabemos, pessoas que pouco se importam com a felicidade mental (e física) não farão com que esta situação acabe mais cedo. A pandemia nunca vai acabar.
O vírus pode desaparecer, podemos criar imunidade e sair de casa novamente, mas o que está acontecendo agora mudará para sempre a forma como o mundo funciona. Que possamos ter tempo para nos adaptar à nossa própria velocidade, em vez de ler 500 páginas por semana.