Estando à beira do colapso, o primeiro mês de 2021 é marcado por um cenário desanimador devido à propagação descontrolada do novo coronavírus e o fim do auxílio emergencial. A falta de oxigênio nos hospitais para conservar a vida dos doentes é problema gravíssimo e a demora para iniciar a campanha de vacinação tem culminado negativamente para os indicadores econômicos.

O aumento da inflação e do desemprego atrelado ao fim do auxílio emergencial e da falta de um projeto plausível para fornecer condições à população para enfrentar a crise sanitária e econômica têm contribuído para a descrença no Governo de Jair Bolsonaro, segundo a coluna do jornal Folha de S.Paulo assinada por Paola Loureiro Carvalho, diretora da RBRB (Relações Institucionais e Internacionais da Rede Brasileira de Renda Básica).

Atualmente, no Brasil, mais de 220 mil vidas brasileiras foram perdidas e a média móvel diária voltou a registrar mais de 1 mil óbitos.

A política econômica financista do governo, preocupada apenas com o teto fiscal, tem deixado de lado o seu papel de cuidar dos mais vulneráveis, mostrando a todos que os interesses do grande capital financeiro e do rentismo estão acima das necessidades do povo brasileiro, descreveu Paola, segundo a qual "é inaceitável que o governo não cumpra seu papel de salvaguardar os mais vulneráveis".

A distância entre ricos e pobres passa a se mostrar cada vez mais profunda, com o Brasil ocupando atualmente a 8ª posição entre os países com maior desigualdade de renda, segundo relatório da ONU divulgado em dezembro de 2020.

Visualizando um possível colapso decorrente da desigualdade, setores ligados ao interesse de minimizar essa questão se uniram por meio da mobilizando social para reclamar seus direitos garantidos pelo Art. 196 da Constituição Federal de 1988, que trata da obrigatoriedade do Estado zelar pela Saúde brasileira.

Mobilização social levantou o Auxílio Emergencial em 2020

Segundo Brant, no início da pandemia, Bolsonaro e Paulo Guedes mostraram quase nenhum interesse em implementar uma medida de renda emergencial, mas a mobilização social em vários setores e a campanha A Renda Básica que Queremos denunciou o descaso e com muita luta obrigou o governo a enxergar os mais vulneráveis e aprovar o auxílio emergencial.

Os valores garantiram que diversos brasileiros fossem assistidos e passassem pela crise com um pouco mais de confiança no futuro. Mães-solo receberam R$ 1.200, enquanto trabalhadores autônomos R$ 600.

Posterior, com o risco de encerrar o auxílio, uma nova mobilização aconteceu levando o governo a prorrogar o auxílio, mas dessa vez reduzido pela metade, além de cortar mais de 10 milhões de beneficiários, incluindo mães solteiras. Cerca de 83.132 pessoas contestaram os desligamentos, mas somente 4.580 tiveram seu direito ao auxílio emergencial reconhecido.

Auxílio ao povo não é prioridade do governo

O fim do auxílio emergencial, segundo Brant, marcou mais uma demonstração de que o governo tem mais interesse no grande capital do que na vida dos mais vulneráveis.

Isso culmina no lamento de uma nova campanha para a Ampliação do Auxílio Emergencial em 2021 até que acabe a pandemia da Covid-19. Esta campanha se levanta cobrando medidas e ações favoráveis ao novo presidente da Câmara.

A finalidade é que seja ampliado o olhar para as desigualdades demonstradas pelo advento da pandemia e pela necessidade da manutenção do benefício.

A mobilização espera que todos os setores da sociedade perceba a grande necessidade de unir forças para enfrentar esse momento de emergência e assim realizar ações que garantam a proteção social, conforme Art. 196 da CF-88, que determina a saúde como um "direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação".