Uma das estreias da Netflix na última sexta-feira (2) foi a produção espanhola “Até o Céu” (Hasta lo Cielo). O filme dirigido por Daniel Calparsoro ficou no segundo lugar no top 10 da plataforma de streaming e tem roteiro assinado por Jorge Guerricaechevarría, inspirado em eventos reais.

Elenco

A plataforma do N vermelho tem investido em produções espanholas já há algum tempo, e o resultado é que artistas consagrados e aspirantes a astros daquele país ganharam destaque em outras praças. O elenco de “Até o Céu” é recheado de rostos conhecidos pelos assinantes da gigante do streaming.

O nome mais conhecido do elenco é sem dúvida o do protagonista da trama. O jovem ator Miguel Herrán, de 24 anos, está em plena ascensão na Espanha muito por causa da própria Netflix. Conhecido por interpretar Rio na série “La Casa de Papel”, ele também esteve presente na primeira temporada da série “Elite”, também da plataforma.

Luis Tosar é um premiado ator espanhol que também ganhou projeção fora de seu país por causa da gigante do streaming. Lá ele protagonizou o filme “Quem Com Ferro Fere” e a série "Os Favoritos de Midas". Outra premiada celebridade da Espanha na trama é a atriz de 30 anos Carolina Yuste. Ela já participou das séries “La Casa de Papel” e “Vis a Vis”.

Também estão presentes no filme a atriz Asia Ortega que tem no currículo os filmes: “Seu Filho”, “Quando os Anjos Dormem” e “Malnazidos”, entre outras produções e Fernando Cayo ator e diretor, outro que também já participou de “La Casa de Papel”.

A trama

A produção de pouco mais de duas horas de duração acompanha a trajetória de Ángel (Herrán) e um grupo de outros jovens que vivem em uma região pobre, próxima a Madri. O protagonista ganha a vida como mecânico, mas à noite ele exerce a atividade de ladrão de joias. Ambicioso, ele busca cada vez mais subir na hierarquia do mundo do crime, sua ambição sem limites o coloca no radar da polícia.

Propaganda enganosa

No início da trama o espectador recebe a informação que a história foi baseada em eventos reais, mesmo que os personagens mostrados sejam fictícios. Fica difícil para o público imaginar o que possa ser real na trama, talvez o filme tenha simplesmente se inspirado em alguma notícia de jornal sobre uma gangue de ladrões de joias.

Mas isso por si só nem chega a ser um problema.

O filme de Jorge Guerricaechevarría só tem a seu favor o elenco estelar, mas nem isso salva a produção do desastre total. A Netflix está vendendo “Até o Céu” como uma trama de ação com drama, ainda que realmente existam sequências mais voltadas para a ação, o filme é focado na maior parte do tempo em contar a ascensão e queda do protagonista, e também falha na parte dramática.

Os atores entregam interpretações apenas corretas na trama, talvez por conta de uma fraca de direção de atores. Uma das maiores vítimas dessa produção é Luis Tosar, que dá vida a um poderoso chefe do crime organizado, mas que passa quase despercebido na trama.

Questões sociais

Em seu primeiro ato, “Até o Céu” apresenta o protagonista e seus amigos em um ambiente de pobreza, o que poderia sugerir que o filme iria usar isso como pano de fundo para falar sobre questões sociais e explicar, ainda que não justificasse, as atitudes do protagonista. Ángel vive com seu avô e ao longo da trama, o idoso não é mais visto e nem citado. Além do desaparecimento do personagem, o filme tem sérios problemas de montagem, a trajetória do protagonista é contada em um espaço de 4 anos, porém se tem impressão que os eventos mostrados se passaram em poucos dias.

Enquanto as séries “La Casa de Papel” e “Elite” são produções escapistas, sem maiores pretensões dramáticas, “Até o Céu” tem objetivos mais ambiciosos, se nas séries citadas Miguel Herrán conseguiu se destacar, no novo filme da Netflix o jovem astro não conseguiu passar toda a carga dramática que o personagem pedia.