O astro Idris Elba, criador e protagonista da série Da Netflix “Se Joga Charlie”, agora pode ser visto também no filme “Alma de Cowboy” (Concrete Cowboy), que estreou na última sexta-feira (2) na plataforma. Dividindo os holofotes com Elba está Caleb McLaughlin, o Lucas da série “Stranger Things”, também do streaming.
O longa-metragem é dirigido por Ricky Staub e foi baseado no livro “Ghetto Cowboy”, de Greg Neri. O roteiro ficou por conta do próprio Staub, em colaboração com Dan Walser, e Idris Elba é o produtor do longa.
Do que se trata
A trama gira em torno do rebelde Cole (McLaughlin), um adolescente de 15 anos que vive com a mãe em Detroit.
por estar prestes a ser expulso da escola após mais uma briga, a mãe dele Amahle (Liz Priestley) deixa o filho aos cuidados Harp (Elba), que é pai do jovem problemático, que vive na Filadélfia.
Harp é um homem rústico que está há anos sem ver o filho e, por causa disso, Cole nutre um ressentimento por seu pai. Mas agora os dois, depois de anos afastados, terão uma chance reconstruir a relação entre pai e filho.
O personagem de Idris Elba é um homem rústico que vive em uma comunidade de cowboys urbanos, todos eles negros, na parte pobre da Filadélfia. Essa comunidade carente é constantemente assediada por especuladores imobiliários que aos poucos vão fechando os estábulos da cidade. A comunidade também sofre com a presença de traficantes.
“Alma de Cowboy” é um filme que fala sobre amadurecimento em que o protagonista irá ter que aprender a deixar as diferenças que tem com seu pai de lado e ao mesmo tempo encontrar uma direção para sua vida. Ainda que se trate de um subgênero já visitado diversas vezes seja no cinema, Televisão e streaming, e que siga algumas fórmulas, a trama consegue fugir de certos clichês.
Curiosamente, o processo de amadurecimento de Cole acontece menos pelos ensinamentos de seu pai e mais pelas lições de vida que o jovem aprende com os membros daquela comunidade, e as situações que tem que enfrentar neste novo ambiente, ainda que Harp, de uma maneira desajeitada, acaba se entendendo com o filho e consegue fazer um mea culpa ao explicar os motivos que o levaram a se afastar de Cole, em uma das sequências mais emocionantes de “Alma de Cowboy”.
Outro ponto que confere frescor à trama é o seu pano de fundo que fala sobre um aspecto da cultura dos Estados Unidos que é pouco conhecido, um retrato cru de uma minoria que tem um estilo de vida anacrônico, mas que luta para manter suas tradições vivas.
Com uma fotografia granulada, o filme ganha aspectos documentais e colabora para isso a presença de, pelo menos, três cowboys da vida real que se juntam ao elenco, o que torna ainda mais verossímil a trama, que em determinados momentos remete a momentos que são vistos em westerns, quando os cowboys estão reunidos perto do fogo contando histórias. Obviamente não poderia faltar a crítica a Hollywood que suprimiu a presença dos negros nas produções do gênero em que o ator John Wayne reinava absoluto.