Na última terça-feira (6), o Brasil atingiu o número de 4.211 mortos pela Covid-19. No mesmo dia o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu mais uma amostra de que parece se preocupar mais em criar crises e confrontar a imprensa do que trabalhar para resolver o problema da pandemia.

Se nos últimos dias se viu um Bolsonaro mais comedido, evitando suas tradicionais falas agressivas, parece que o mandatário resolveu terminar seu período de paz com a imprensa. O ocupante do Palácio da Alvorada propôs uma solução mágica para acabar com o problema da pandemia.

Segundo Bolsonaro, ele seria capaz de "resolver o problema do vírus em poucos minutos", bastaria apenas que o Governo pagasse o que, segundo ele, foi pago em governos anteriores para os grupos de mídia Rede Globo, Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo.

O mandatário afirmou que cancelou a assinatura dos jornais e revistas do governo federal e ainda afirmou que o governo já está no segundo ano sem receber os periódicos. “A gente não pode começar o dia envenenado”, afirmou Bolsonaro, sem explicar o que sua Opinião sobre os veículos de comunicação citados tem a ver com o combate à pandemia.

Bolsonaro também não falou sobre a demora de seu governo em comprar imunizantes e relativizou o problema da falta das vacinas.

O presidente afirmou que o Canadá também enfrenta problema parecido, que isto está ocorrendo em todo o mundo, menos nos países que fabricam as vacinas, que são os Estados Unidos e mais três ou quatro países, segundo Jair Bolsonaro. Ele prosseguiu afirmando que as pessoas querem destruir o vírus, mas no Brasil as pessoas querem destruir o presidente.

Erros

De acordo com epidemiologistas, a falta de vacinas se trata realmente de um problema mundial, porém, o que acontece no Brasil é que houve demora do governo federal na compra dos imunizantes, além de uma sucessão de erros na gestão da crise sanitária. Um exemplo disso foi que o país somente nesse ano fechou contratos para a compra de vacinas, além de ter trocado de ministro da Saúde por três vezes em apenas um ano.

O ministério da Saúde garante que já negociou a compra de mais de 550 milhões de doses de imunizantes, o que poderia garantir a imunização de praticamente todo o país. Foram liberados pelo governo para essas compras créditos extras de mais de R$ 24 bilhões, envolvendo uma parceria da Fiocruz para a produção da AstraZeneca.

O presidente da República, em 2019, cancelou as assinaturas de jornais e revistas que eram destinados à presidência da República, no valor de R$ 582,9 milhões ao ano. Ainda que seja um valor considerável, essa economia está bem longe de resolver o problema da pandemia, como disse Bolsonaro.