O veterano jornalista Alexandre Garcia, de 80 anos, tem uma carreira de mais de 50 anos no jornalismo. Antes de ficar conhecido nacionalmente na Rede Globo, onde permaneceu por 30 anos, o jornalista já teve passagens pela extinta TV Manchete e pelo jornal do Brasil.
Garcia também tem um momento que talvez seja pouco conhecido de muitas pessoas. Na segunda metade da década de 1970, o profissional da imprensa atuou como uma espécie de porta-voz da ditadura militar.
Imparcialidade
Sua passagem pelo período ditatorial no Brasil foi pouco conhecida em sua carreira, como dito anteriormente, e continuou assim durante o tempo em que esteve na emissora da família Marinho, que ao querer passar uma ideia de que não está envolvida politicamente com nenhuma ideologia política exige que seus contratados do setor jornalístico não revelem suas opiniões políticas.
Livre
Em 2018, após sua saída da Rede Globo, Alexandre Garcia deu uma guinada em sua carreira. Fica a impressão que o jornalista veterano tirou um peso de suas costas, pois agora ele alardeia para quem quiser ouvir seu apoio incondicional aos atos do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido).
Feliz aniversário
Não faltam provas de que Garcia é um defensor ardoroso de Jair Bolsonaro. O presidente esteve no final de 2020 na festa de aniversário em que o jornalista completou oito décadas.
Em uma sociedade que discrimina os idosos, seria muito bom ver um senhor de 80 anos em plena atividade profissional.
Porém, ao contrário de outro colega de profissão, também octogenário, Fernando Gabeira, jornalista da Globonews e do jornal O Globo, Alexandre Garcia parece ter esquecido o papel contestador do jornalismo ao declarar abertamente seu apoio ao atual líder do Executivo.
Cloroquina
Garcia em seu apoio declarado ao Governo Bolsonaro tem passado por momentos no mínimo constrangedores na CNN, onde tem um quadro chamado "Liberdade de Opinião".
Na atração dentro do telejornal "Novo Dia", o jornalista já foi confrontado pelo âncora da atração, o jornalista Rafael Colombo, quando defendia a eficácia da cloroquina, o medicamento que a ciência comprovou que não surte efeito contra a Covid-19.
Na última quinta-feira (6), Garcia e Colombo protagonizaram outro momento constrangedor --para Garcia.
No quadro, Alexandre Garcia (para surpresa de ninguém) voltou a defender Bolsonaro ao dizer que o ocupante do Palácio da Alvorada tinha o direito constitucional de decretar o impedimento da execução das medidas restritivas tomadas por prefeitos e governadores para impedir o avanço da Covid-19, o que o presidente da República ameaçou fazer na quarta-feira (5).
O âncora da atração contestou Garcia ao perguntar-lhe se a proteção à vida, que é o objetivo dos governantes dos estados e municípios, também não estaria na Constituição.
Estranhamente, Garcia ficou vários segundos paralisado e não respondeu, Colombo então tentou encerrar a atração pensando se tratar de problemas técnicos.
Foi então que Alexandre Garcia respondeu, aparentando contrariedade, que não estava sendo entrevistado.
Tranquilamente, Rafael Colombo começou a se despedir dizendo que os dois se encontrariam novamente na edição do dia seguinte. No que Garcia respondeu que não sabia se voltaria na próxima edição do quadro, o que deu a entender que o jornalista estava se demitindo da emissora.
Garcia conversou por telefone com o site UOL e alegou que somente não respondeu nada pois teria sido informado pelo ponto eletrônico que seu tempo teria acabado.