O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou no domingo (23) de um ato no Rio de Janeiro em que passeou de moto acompanhado de motociclistas. Bolsonaro, como sempre, estava sem máscara e provocou aglomerações. O ato se encerrou com um discurso do mandatário em que repetiu seu mantra de ataques a prefeitos e governadores que decretaram medidas de isolamento social para tentar deter o avanço da Covid-19.

Ciência

De acordo com o líder do Executivo, as decisões tomadas pelos governantes não foram baseadas na ciência, opinião contrária a de epidemiologistas, que recomendam o distanciamento social.

Jair Bolsonaro não comentou sobre a compra de imunizantes e insumos contra a Covid-19 pelo Governo federal.

Eduardo Pazuello

O trajeto feito de moto pelo presidente teve início na zona oeste carioca e terminou no Aterro do Flamengo, zona sul do Rio, onde se encontrou com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que assim como o presidente da República, não estava utilizando máscara. Pazuello prestou depoimento à CPI da Covid no Senado por 2 dias na última semana. Segundo o general, em seu depoimento à comissão parlamentar de inquérito que investiga as ações e eventuais omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus, ele apoia o uso de máscaras. No sábado (22), o presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM), declarou que será votado na próxima quarta-feira (26) um pedido para que o ex-ministro da Saúde volte a depor na CPI.

Pazuello subiu no carro de som em que Bolsonaro discursou e foi elogiado pelo presidente. “O nosso ministro conduziu com muita responsabilidade”, disse Bolsonaro ao se referir ao tempo de Eduardo Pazuello no comando da pasta da Saúde. Em sua fala, Bolsonaro voltou a fazer ameaças enquanto seus apoiadores gritavam: “eu autorizo”.

A frase se tornou o novo bordão de apoiadores do presidente da República em atos que defendem o governo federal após o presidente ter dito que iria tomar providências contra as determinações tomadas pelos governadores e prefeitos de implementar medidas restritivas.

Bolsonaro declarou que está pronto para tomar as medidas cabíveis para garantir a liberdade da população e defendeu o “sagrado direito de ir e vir”, pois as pessoas têm o direito de trabalhar, professarem sua fé, declarou o presidente sem mencionar que as pessoas também têm o direito à saúde, o que em momentos como de pandemia, pode fazer com que as pessoas percam o direito de ir e vir, como está na Constituição Federal de 1988.

O ocupante do Palácio da Alvorada continuou seu discurso repleto de fake news afirmando que os prefeitos e governadores decretaram lockdowns e confinamentos que não tinham nenhuma comprovação científica, o que não é verdade, pois especialistas na área científica afirmam que medidas de distanciamento social são recomendadas para diminuir a disseminação do coronavírus.

Bolsonaro tentou abrandar suas bravatas, dizendo que não se tratava de ameaça, mas que a manifestação popular lhe dá "autoridade para agir", disse novamente sem explicitar quais seriam as medidas que iria tomar. No início do mês, o presidente ameaçou editar um decreto contra as determinações dos prefeitos e governadores que tomarem medidas restritivas, até agora, o governo não tomou nenhuma medida nesse sentido.