Na última quarta-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um pronunciamento em rede nacional em que comemorou a distribuição de 100 milhões de doses de imunizantes contra a Covid-19 no Brasil. O que Bolsonaro não explicou foi por que passou boa parte do ano passado sem dar atenção às ofertas de duas empresas fabricantes de vacinas.

Não é bem assim

Segundo informações do jornal El País, o mandatário faltou com a verdade ao dizer que o Brasil está na quarta colocação entre as nações que mais aplicaram vacinas, pois não levou em consideração a porcentagem dos cidadãos já vacinados, item essencial para a imunização coletiva.

Nesses números, o Brasil fica atrás de ao menos 77 países, de acordo com dados da Universidade de Oxford.

Isolamento social

Somente 10% da população brasileira está completamente imunizada, ou seja, já tomaram as duas doses. Este cenário junto com o final da maior parte das medidas de restrição de circulação – Jair Bolsonaro atacou claramente o distanciamento social em seu pronunciamento – revela que a possível aceleração da vacinação no mês de junho, depois de uma série de atrasos, deverá chegar junto com uma grave terceira onda de contágios da Covid-19.

Em seu pronunciamento, Bolsonaro repetiu a mesma narrativa de críticas aos governos estaduais e municipais, ao afirmar que o Governo federal não obrigou as pessoas a ficarem em casa e também não fechou estabelecimentos comerciais e nem templos religiosos e escolas, e também “não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais”.

No mesmo horário em que Bolsonaro fazia sua série de meias verdades e mentiras inteiras, várias cidades do país protestaram com a realização de panelaços.

No mesmo dia em que Bolsonaro tentou convencer a nação dizendo que lamentava as mortes causadas pelo coronavírus, o Brasil registrou pouco mais de 95 mil novos casos --número que indica a aceleração de contágios-- e o número de mortos se aproxima de 468 mil.

Paraná

Na capital do Paraná, Curitiba, a situação já colapsou. A cidade retornou à fase vermelha, a mais severa em termos de restrições, e as UTIs da capital está com mais de 100% de ocupação dos leitos. Contrariando o desejo do ocupante do Palácio da Alvorada, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Jr. (PSD), determinou o aumento de restrições de circulação e do funcionamento de estabelecimentos comerciais no estado.

A determinação do governador ocorreu no dia 25 de maio. Bolsonaro foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) dois dias depois para impedir que Paraná, Rio Grande do Norte Pernambuco adotassem medidas restritivas. Felizmente, o Supremo não deu ouvidos ao desejo de Bolsonaro de espalhar ainda mais o coronavírus.