Em mais um episódio de sua cruzada contra a ciência, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a disseminar a informação falsa da eficácia da chamada imunidade de rebanho, medida essa que autoridades sanitárias já afirmaram que não têm eficácia.
Live
A mais nova fake news (mais uma) de Bolsonaro foi dita na última quinta-feira (17), em sua live semanal nas redes sociais.
O presidente da República declarou que para ocorrer uma imunização da população contra o coronavírus é mais eficaz contrair a Covid-19 do que tomar a vacina. O mandatário arrumou uma maneira de defender a imunidade de rebanho sem usar o termo.
Em sua declaração, Bolsonaro assegurou que já está imunizado pelo fato de já ter contraído a Covid-19.
Ele ainda afirmou que todos os que foram infectados pelo Sars-Cov-2 já estão imunizados, até mesmo de maneira mais eficiente do que os que foram vacinados. "Não se discute, esse está imunizado", disse o presidente Bolsonaro.
Estava ao lado do presidente da República o deputado federal Major Vitor Hugo (PSL-GO), ex-líder do Governo federal na Câmara dos Deputados. É sempre bom lembrar os nomes daqueles que estão ao lado do negacionismo.
Imunidade de rebanho
A tese afirma que a pandemia será superada por um número alto de infectados, o que, supostamente, iria imunizar uma grande parcela da população.
Porém, de acordo com infectologistas e outros especialistas na área da saúde, a medida não funciona para a Covid-19, pois muitas pessoas iriam morrer no processo. Ainda há o fato de que quem já teve a doença pode ser reinfectado.
Mais de 17 milhões e meio de brasileiros já tiveram ou têm a Covid-19. O ritmo da vacinação no país continua lento, com apenas 11,3% da população tendo tomado as duas doses da vacina.
Segundo estimativas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), seria necessário que o país aplicasse por dia 1,7 milhão de doses diariamente para imunizar toda a população adulta do Brasil até o fim do ano.
CPI da Covid
A comissão parlamentar de inquérito do Senado que investiga as ações e eventuais omissões do governo federal na condução da pandemia recebeu na última sexta-feira (11) Cláudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz.
O cientista afirmou na ocasião que usar a estratégia da imunidade de rebanho iria levar à morte as pessoas que estão mais fragilizadas. "Rebanho se aplica a animais, e fomos tratados dessa forma", lamentou o especialista.
Estudo da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), junto com a ONG Conectas Direitos Humanos, investigou a propaganda do governo federal e os atos normativos na pandemia. O resultado do estudo diz que o governo escolheu favorecer a livre circulação do vírus usando o pretexto de que a infecção entre as pessoas iria levar à imunidade coletiva.