No último domingo (6), o Governo Bolsonaro distorceu o que dizia a reportagem de capa da revista inglesa The Economist, que falava sobre a pandemia no Brasil. De acordo com o que declarou o Planalto, a publicação sugeriu que a solução para a crise sanitária no Brasil seria que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fosse assassinado.

A publicação é uma das mais renomadas do mundo.

O Palácio do Planalto, para tentar desqualificar a matéria, afirmou que a revista tentou "interferir em nossas questões domésticas" e ainda acusou a The Economist de incentivar um golpe das Forças Armadas contra Jair Bolsonaro.

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A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) publicou 23 tuítes que distorciam o que estava escrito na matéria. A Secom contestou a reportagem da revista, cuja capa trazia uma ilustração com o Cristo Redentor com um cilindro de oxigênio, como se a estátua estivesse com dificuldade para respirar, o que faz menção a capas da publicação feitas em outros governos brasileiros.

A Secom declarou que, em resumo, o texto queria dizer que o presidente Bolsonaro seria um ditador que estaria assassinando a própria população, que os apoiadores do mandatário estariam dispostos a ir para uma guerra civil e que o Exército estaria disposto a intervir em um cenário em que Bolsonaro perca as eleições do próximo ano.

O texto foi traduzido pelo jornal O Estado de S. Paulo, cuja tradução do título é “É hora de ir embora”. A interpretação da Secom sobre a tradução do texto questiona se a matéria: "está fazendo uma assustadora apologia ao homicídio do presidente?".

A interpretação do Planalto sobre o texto omite o contexto da matéria, que se trata de uma projeção da situação que o Brasil está passando no momento, que tem reflexos políticos e sociais provocados pela má gestão da crise sanitária por parte do governo Bolsonaro.

A expressão usada na matéria “eliminá-lo”, que finaliza o artigo da publicação britânica, foi usada no contexto do pleito eleitoral, e não há nenhuma referência a atos de violência ou ainda apologia a um crime. A eliminação, no caso, seria no processo eleitoral.

Nos tuítes da Secom, a reportagem é desqualificada e é afirmado que a matéria não possui ética e nem credibilidade. O governo também alegou que a revista faz um discurso “histriônico” e de oposição e tenta influenciar os rumos da política no Brasil.

Além de tentar desmerecer a matéria, as publicações no Twitter da Secom apresentam argumentos em defesa do governo federal, mas sem apresentar provas, e tentam tomar para si iniciativas que não são do governo, como o auxílio emergencial, que foi uma criação do Congresso. Não foi publicada pelo governo nenhuma nota oficial, somente as publicações no Twitter.