Estreou na última quarta-feira (9) na Netflix o filme “Awake”. A produção de 1h37 de duração é mais uma das especialidades do serviço de streaming. A plataforma traz filmes de médio orçamento, ficção científica e/ou suspense com atores que são mais conhecidos por suas participações em produções da própria Netflix do que em grandes franquias do Cinema.
Top ten
O novo filme do diretor Mark Raso (Kodachrome), tem todo o potencial de fazer sucesso com os assinantes da gigante do streaming que não buscam um produto mais bem acabado, esse tipo de produção geralmente acaba ficando no top ten da plataforma de streaming.
Sem sono
A produção protagonizada pela atriz Gina Rodriguez ("Jane the Virgin"), conta a história de Jill, uma ex-soldado viciada em comprimidos, e seus filhos Noah (Lucius Hoyos) e Matilda (Ariana Greenblatt). Eles lutam pela sobrevivência após um evento apocalíptico, que interrompeu o funcionamento de aparelhos eletrônicos e leva quase toda a humanidade a não conseguir mais dormir.
Matilda, porém, é uma das raríssimas pessoas que ainda conseguem dormir, o que faz dela objeto de interesse dos militares. Eles querem estudar e fazer pesquisas na menina, e essa perseguição é um dos perigos que a família terá que enfrentar.
O filme pode ser considerado uma ficção científica high concept. O gênero refere-se a tramas baseadas em ideias diferentes, até mesmo inovadoras, que buscam investigar as ramificações por meio de uma narrativa limitada pela visão de um pequeno grupo de personagens.
O filme de Mark Raso até começa de modo interessante, a exemplo de “À Espreita do Mal” (2019) -- outra estreia recente da Netflix --, que revela aos poucos os dramas da protagonista vivida por Helen Hunt. Nessa linha, o primeiro ato de “Awake” mostra para o espectador a vida difícil da protagonista, o trabalho de Jill como segurança em uma universidade, e que ela rouba remédios da instituição para revender.
O espectador também recebe a informação que ela cometeu algum erro no passado que fez com que ela perdesse a guarda dos próprios filhos. Também fica evidente que Noah, seu filho adolescente, culpa a mãe pela situação. Assim como fica demonstrado que Doris (Francis Fisher), a avó das crianças, também tem certas críticas ao comportamento da protagonista.
O roteiro do próprio diretor em parceria com Jospeph Raso e Gregory Poirier inicia o primeiro ato de maneira interessante ao fazer com que o público preencha as lacunas que faltam para completar o perfil da protagonista, ainda que ao longo da trama as respostas sobre o passado de Jill sejam reveladas.
O problema do longa-metragem é que a cada minuto, ele se torna mais alucinante e o necessário desenvolvimento dos personagens, seus dramas e a construção das situações são mal realizados. São totalmente sem sentido as situações dramáticas, em vários momentos a atriz mirim Ariana Greenblatt força um choro que não convence.
No final das contas, “Awake” não desenvolve seus personagens e dá uma resolução pífia para a enigmática situação que coloca em risco o destino da humanidade. O cineasta Mark Raso mostra boa condução nas cenas de ação, com planos longos e uso de cortes rápidos, mas isso não salvou o filme de se resultado final insatisfatório.