O Cinema italiano na década de 1960 viu surgir uma nova fase, que tinha como principais nomes os cineastas Dario Argento e Mario Brava. Os thrillers eróticos produzidos pelos diretores influenciaram o gênero terror em todo o mundo. Podem-se destacar as produções: “As Três Máscaras do Terror” (1963) e “A Maldição do Demônio” (1960), de Brava, e “Prelúdio para Matar” (1975) e “Suspiria” (1977), de Argento.

A dupla de diretores italianos Roberto De Feo e Paolo Strippoli em seu “Um Clássico Filme de Terror”, estreia da última quarta-feira (14) na Netflix [VIDEO], certamente buscou inspiração nos cineastas consagrados, além de também se inspirarem em diretores de sucesso em Hollywood como Ari Aster, M.

Night Shyamalan, Quentin Tarantino e Wes Craven.

Do que se trata

Um grupo de cinco pessoas que não se conhecem faz uma viagem em um motorhome, pois eles estão indo para a mesma região da Itália. O grupo sofre um acidente ao tentar desviar de uma carcaça de animal que está no meio da estrada e acabam batendo em uma árvore. O resultado do acidente foram ferimentos leves em alguns deles e uma perna quebrada do motorista.

Ao recobrarem os sentidos, estranhamente eles já não estão mais na pista e inexplicavelmente foram parar no meio de uma floresta, e para piorar a situação, eles não podem pedir ajuda pelo celular, pois não há sinal na região. O grupo avista uma estranha casa e logo descobrem que no local se praticam sacrifícios humanos, eles encontram uma menina que está prestes a ser sacrificada e a salvam, eles agora tentarão escapar do local.

Assim como a trilogia de terror “Rua do Medo” (que irá estrear seu último capítulo na sexta-feira), “Um Clássico Filme de Terror” também está interessado em homenagear o gênero terror, mas enquanto os filmes da cineasta Leigh Janiak fazem suas citações de maneira espalhafatosa, a produção de Roberto De Feo e Paolo Strippoli faz isso de forma mais natural.

O filme de uma hora e meia tem uma fotografia interessante e uma boa trilha sonora que criam tensão no público. A trama é cheia de reviravoltas e não se deve acreditar em tudo o que se vê ou o que é contado. Mas apesar de seus aspectos técnicos colaborarem para a condução da trama, o roteiro tem seus problemas, como um não aprofundamento em cada um dos personagens –no filme há a inserção de conflitos entre o grupo, porém isso acaba soando apenas como uma maneira mal feita de tentar humanizá-los.

Metalinguagem

O título do filme já revela um pouco de quais são as intenções da obra: reverenciar o gênero terror. Isto já está implícito até mesmo antes da grande revelação da trama, quando um dos personagens fala o nome do filme e não soa de modo gratuito. Mas o roteiro tem maiores pretensões, como discutir a espetacularização da violência em programas jornalísticos e também uma crítica com humor sobre a desvalorização do cinema que é feito na Itália. Está em sua conclusão o grande problema da produção. Ao ser revelado do que realmente se trata, “Um Clássico Filme de Terror” acabou por dividir a Opinião do público e da crítica.