O presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) é extremamente talentoso ao escolher quem o irá auxiliar na tarefa de (des)governar o país. O amigo de Fabrício Queiroz dificilmente comete algum erro na hora de nomear algum ministro – um dos mais notórios “erros” de Bolsonaro foi quando escolheu para ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, pois se trata de algo simples, se algum auxiliar seu mostrar que tem conexão com o bom senso, essa pessoa não cairá nas graças de Jair Messias Bolsonaro.

Vélez

O talento de Bolsonaro para escolher pessoas que compartilham sua visão retrógrada de mundo pode ser constatado em alguns dos ministros que passaram pelo Ministério da Educação (MEC).

O primeiro ministro da Educação escolhido por Bolsonaro, que já demonstrava que poderia ser um fugitivo de alguma ala psiquiatra de alguma instituição hospitalar, foi o filósofo Ricardo Vélez Rodriguez.

O seguidor do escritor extremista de direita Olavo de Carvalho entre outras polêmicas, deixou como legado ter pedido que diretores de escolas filmassem os alunos cantando o hino nacional e que recitassem o lema da campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. A medida não foi bem recebida pela sociedade e ele se desculpou pela tentativa de querer agradar seu amo usando para isso os estudantes.

Weintraub

Abraham Weintraub foi convocado para substituir o colombiano naturalizado brasileiro.

Weintraub, assim como seu antecessor também é um seguidor dos ensinamentos do “professor” Olavo de Carvalho. Abraham Weintraub era ainda mais barulhento que Vélez Rodriguez, e assim como o próprio Bolsonaro, nunca disfarçou sua ojeriza contra a Educação.

Depois de protagonizar várias polêmicas, o ex-ministro perdeu prestígio ao afirmar que se dependesse dele mandaria todos os ministros do Supremo Tribunal Federal para a cadeia.

Como é comum aos verborrágicos apoiadores do presidente, ao sentirem que a situação ficou insustentável, eles fogem para os Estados Unidos, foi esse o destino de Weintraub que “caiu para cima”, pois ganhou uma vaga no Banco Mundial, Washington, Estados Unidos.

Quase

Carlos Decotelli foi o escolhido por Bolsonaro para comandar o MEC.

Mas o próprio presidente publicou o currículo de Decotelli em seu Twitter e veio a público a informação que Decotelli não possuía alguns dos títulos que dizia ter, aliás, uma prática comum do atual Governo. Outro que quase chegou lá foi Renato Feder, o empresário recusou a proposta, porém o que se cogita é que seu nome não foi bem aceito pelos apoiadores mais fanatizados de Bolsonaro.

Milton Ribeiro

E eis que então, após um período de quase um mês sem ministro da Educação, o governo chegou ao nome de Milton Ribeiro. Este sim com um perfil mais ao gosto de Jair Bolsonaro. Ribeiro é professor e pastor da Igreja Presbiteriana. E tem no currículo, para a provável alegria do ocupante do Palácio da Alvorada, falas polêmicas que poderiam ter sido ditas por Abraham Weintraub.

Em 2018, Ribeiro declarou que as universidades incentivam relações sexuais sem limite.

Desde sua entrada no governo Bolsonaro no dia 10 de julho, o novo comandante do MEC andava meio sumido, poucas pessoas o conheciam, infelizmente para o povo brasileiro, parece que o ministro quer estar mais presente no noticiário, menos por realizações à frente do MEC e mais por falas preconceituosas. Ribeiro parece querer travar uma disputa com o ministro da Economia Paulo Guedes, para descobrir qual deles odeia mais os pobres.

Em entrevista à rádio Jovem Pan na última segunda-feira (23), Ribeiro declarou que o baixo número de pessoas que se inscreveram no Enem (Exame nacional do ensino médio) em 2021, aconteceu porque ele negou a gratuidade para quem deu de ombro para o exame em 2020.

O exame de 2020 só foi realizado no mês de janeiro do ano seguinte. Quase 30 mil pessoas perderam a vida pelo coronavírus no Brasil. Quem faltou por receio de ser contaminado não teve o direito de justificar a falta.

Quem conseguiu a gratuidade em 2020 que não compareceram ou justificaram e mais uma vez tentou a gratuidade em 2021. “Eu disse não”, declarou o ministro para depois dizer que foi a equipe responsável pelo Enem que negou. Em 2020, ainda sob o comando de Weintraub, o MEC realizou uma consulta pública com os inscritos na prova em que era perguntado qual seria o melhor dia para a realização do Enem em meio à pandemia. Foi escolhido pelos candidatos o mês de maio, mas o MEC ignorou o resultado da consulta e realizou a prova em janeiro.

O desprezo de Milton Ribeiro pela educação já havia sido demonstrado anteriormente, como por exemplo, no dia 9 de agosto quando Ribeiro foi entrevistado no programa da TV Brasil "Sem Censura". Na atração o comandante do MEC deu várias declarações sectárias contra o Ensino Superior Público do Brasil.

O ministro declarou que a universidade deveria ser somente para poucas pessoas “nesse sentido de ser útil à sociedade”. Por este tipo de declaração, a Câmara Municipal do Recife aprovou na segunda-feira (23) moção de repúdio a Milton Ribeiro. A medida foi de autoria do vereador do PT Osmar Ricardo.