Nesta última terça-feira (16), aconteceu a cerimônia de posse do ministro Alexandre de Moraes como o novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O evento realizado em Brasília contou com a presença dos ex-presidentes da República Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, e José Sarney e Michel Temer, do MDB, além da presença do atual ocupante do Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro (PL).

Lado a lado

A posse de Moraes se trata de um balde de água fria nos planos de Bolsonaro para tentar disseminar suas fake news sobre as urnas eletrônicas, pois Alexandre de Moraes nunca se intimidou com as bravatas de Bolsonaro.

Como manda o figurino, por ser o atual líder do Executivo, Bolsonaro teve que sentar-se ao lado de seu inimigo declarado –para dizer a verdade, é bem fácil ser considerado inimigo de Jair Bolsonaro, basta não concordar com suas ideias extremistas que automaticamente se ganha a pecha de comunista ou algo do tipo.

Desencontros

Para o alívio de muitos e decepção de outros, os ex-mandatários Dilma Rousseff e Michel Temer não se sentaram lado a lado. Outra dupla que também não teve o mínimo interesse em trocar dois dedos de prosa foram Lula e Bolsonaro. Enquanto Lula tem uma grande vantagem nas intenções de voto para voltar a trabalhar no Palácio da Alvorada, Bolsonaro tenta se reeleger para continuar sendo o presidente da República que menos trabalha, como já foi comprovado por um estudo que teve como base a agenda oficial dele no Planalto.

Constrangimento

Como foi apontado pelo cientista político David Fleisher, em entrevista à RFI, Bolsonaro pode ter perdido muitos eleitores por causa de sua postura na posse de Alexandre de Moraes. Quando o novo presidente do TSE fez um discurso em defesa do voto eletrônico, Bolsonaro foi o único que não aplaudiu a fala de Moraes, sendo coerente com sua política de ataques infundados contra as urnas eletrônicas.

Quem não quis seguir por este caminho foram os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) indicados por Bolsonaro: André Mendonça e Kássio Nunes Marques, que acompanharam o público nas palmas para Moraes.

Tal pai, tal filho

Quem também esteve presente à cerimônia de posse de Alexandre de Moraes no comando do TSE foi o filho do presidente da República Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), vereador que se ocupa mais dos assuntos do Palácio do Planalto do que em honrar o voto de quem o elegeu.

Segundo o colunista do portal Metrópole Igor Gadelha, que ouviu aliados do presidente, a ideia de levar o filho 03 foi do próprio Jair Bolsonaro, em uma tentativa de mostrar para todos que seu filho não é tão irascível quanto aparenta ser.

Por que tão sério?

A tática parece não ter dado muito certo, pois apesar de até ter cumprimentado e sentado em uma mesa ao lado do candidato a vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin (PSB), Carlos permaneceu o tempo todo com o semblante carrancudo e tomou a mesma atitude do pai ao não aplaudir o discurso de Alexandre de Moraes.