Uma expressão utilizada no mundo das plataformas de streaming é “filme de algoritmo”, que é quando uma produção tenta juntar vários elementos para agradar o público, apesar de ser uma estratégia mais relacionada ao streaming, isto também pode ser visto em produções cinematográficas.

A intenção, obviamente, é produzir algo que seja garantia de bilheteria, ou de visualizações no caso do streaming. Ainda que a Netflix tente negar a utilização da artimanha, produções do tipo são facilmente identificadas na gigante do streaming, como é o caso de “Dupla Jornada” (Day Shift), que estreou na última sexta-feira (12).

Sinopse

Bud Jablonski (Jamie Foxx) trabalha como limpador de piscinas na ensolarada Los Angeles, porém, seu trabalho não passa de uma fachada para esconder sua real ocupação, que é a de caçador de vampiros.

Com dificuldades financeiras, ele irá ter que se desdobrar para conseguir dinheiro para fazer com que sua ex-esposa Jocelyn (Meagan Good) não leve a filha do casal Paige (Zion Broadnax), para tentar a vida na casa da avó materna da menina. Bud então terá que pedir para retornar a fazer parte do Sindicato, uma organização mundial especializada em caçar e exterminar vampiros, ele foi expulso da organização por agir sempre fora das regras do Sindicato.

Terror

Para mostrar que “Dupla Jornada” se encaixa no termo filme de algoritmo, pode-se começar com o gênero terror, gênero este que tem seu público fiel, no novo filme da Netflix é visto o subgênero do terror chamado gore, que é quando não se economiza em cenas extremamente violentas com muito sangue.

Tudo ao mesmo tempo

Nem é preciso dizer o fascínio que vampiros causam em certas pessoas, então “Dupla Jornada” também é um filme de vampiros, a produção também utiliza o buddy cops, como visto em filmes das décadas de 1980 e 1990, o filme até mesmo faz uma brincadeira com o tema ao citar a dupla de policiais da icônica série televisiva Miami Vice, o que nos leva a outro gênero que o filme tentou abraçar, a comédia.

No caldeirão de gêneros da produção ainda se encontra uma pitada de drama, com a relação do protagonista, um homem determinado a não perder sua filha, a estreia do longa de quase duas horas perto do Dia dos Pais certamente não foi coincidência. E por fim temos o gênero ação, que talvez, para boa parte do público, seja o que faça o filme não ser algo totalmente descartável.

Além da ação, o drama quase funciona, pois as cenas em que o protagonista Bud Jablonski interage com a filha Paige são capazes de causar reação no público, o problema é que uma direção apressada e um roteiro fraco pouco valorizaram isso.

Nomes de peso

Também é possível entender que a escalação do próprio Jamie Foxx tenha sido algo planejado para atrair o público, visto que o ator participou de um dos grandes sucessos recentes nos cinemas, o blockbuster “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” (2021). O rapper Snoop Dogg também participa do novo filme de terror/comédia/ação da Netflix como Big John Elliot, um caçador de vampiros cool.

Ação

Não é por acaso que são eficientes as coreografias de lutas vistas na trama, o diretor do filme é o estreante J.J.

Perry, que trabalhou como dublê em “John Wick: De Volta ao Jogo” (2014). Perry é mais um ex-dublê que se aventura como cineasta, assim como David Leitch e Chad Stahelski, este último é um dos produtores de “Dupla Jornada”.

Ainda que os filmes de algoritmos possam ter uma intenção mais comercial do que propriamente artística, isto não quer dizer que produções do tipo não possam dar certo, que as misturas de gêneros não possam ser bem feitas, mas infelizmente não foi o que aconteceu com o filme protagonizado por Jamie Foxx, que por sinal é mais um caso de um grande ator que tem feito filmes abaixo da média na Netflix, como por exemplo, Adrien Brody no fraco “Passado Violento” (Clean) outra estreia recente da Netflix.