Uma das estreias da Netflix no início de outubro é o longa-metragem “Jogo Justo” (Fair Play). A produção marca a estreia de Chloe Domont na direção de longas-metragens. A cineasta de apenas 36 anos tem em seu currículo participações como roteirista e/ou diretora em séries de sucesso como “Billions”, “Ballers”, “Suits”, entre outras. Domont também é a roteirista do novo thriller erótico da Netflix. A plataforma de streaming investiu US$ 20 milhões na produção, que ganhou destaque no início do ano no Sundance Festival.

Sinopse

O filme acompanha a vida do jovem casal Emily Meyers (Phoebe Dynevor) e Luke Edmunds (Alden Ehrenreich).

Ambos são operadores em uma badalada financeira de fundos de valores competitivos. O casal esconde dos colegas de trabalho o relacionamento amoroso, pois a política da empresa não permite relacionamento entre os funcionários. Emily e Luke decidem se casar e mantêm esta decisão em segredo até mesmo de suas famílias. Eles vivem suas vidas dessa maneira até que surge uma vaga para uma promoção, que inicialmente se acreditava que Luke era quem seria promovido, mas quem ganhou a promoção foi Emily, o que desestruturou a vida do, até então, casal apaixonado.

Surpresa

A Netflix tem em seu catálogo várias produções de suspense com cenas mais apimentadas, sendo que em sua grande maioria são apenas produções de baixo orçamento sem muitas qualidades artísticas.

Não é o caso com “Jogo Justo”, que merece a boa receptividade que vem recebendo da crítica especializada. Chloe Domont não se inspirou nas produções de gosto duvidoso da gigante do streaming para criar sua trama. Suas influências são mais sofisticadas, podendo-se encontrar semelhanças com: “Wall Street – Poder e Cobiça” (1987); “Atração Fatal” (1988); “Instinto Selvagem” (1992) e “Psicopata Americano” (2000) –curiosamente, os três primeiros filmes são protagonizados por Michael Douglas.

Ainda que não seja algo espetacular, em nenhum momento o filme de quase duas horas se torna maçante, A trama começa mostrando um casal apaixonado típico de comédias românticas dos anos 1990, porém, mesmo nesse início já é mostrada uma cena impactante enquanto o casal está mantendo relações íntimas em um banheiro de uma casa de festas.

Chloe Domont não cai na armadilha de rechear a trama com cenas sensuais, ainda que alguns possam considerar algumas delas impactantes, elas estão ali com um propósito.

A cineasta conduz a trama de maneira cadenciada, não há afobamento em mostrar como a vida dos protagonistas é destruída pelo comportamento machista de Luke, que enquanto pensava que ele seria promovido, estaria tudo bem, porém quando é sua noiva quem ganha a promoção, ele não consegue aceitar a situação. O longa tem o mérito de falar sobre questões sérias sem se tornar em nenhum momento panfletário, além de mostrar os protagonistas em situações extremas que testam os limites de ambos, o que faz que os personagens sejam mais verossímeis.