A tradicional imagem de um aluno colocando uma maçã sobre a mesa do professor, indicando estima e gratidão àquele que cotidianamente passa conhecimento e é peça fundamental na formação dos jovens, parece ganhar um certo fôlego.

Uma pesquisa efetuada com estudantes e pais de alunos revela que, embora a desvalorização da figura do professor tenha avançado de forma perniciosa, o grau de confiança perante esse público é bem alto.

Os educadores das salas de aula recebem apoio e simpatia de 87% dos pesquisados. Esmiuçando um pouco mais sobre esse percentual, isso significa que os docentes são encarados como exemplos positivos.

Além disso, os pais e famílias manifestam seu reconhecimento à profissão do ensinar.

Para 72% dos entrevistados, os professores são peça essencial para a formação de seus filhos, ou seja, contam com a capacidade e o comprometimento desta profissão no aperfeiçoamento e desenvolvimento da personalidade dos alunos.

Entre flores, as ervas daninhas

Os dados são como um bálsamo ou um revigorante na alma dos professores, visto que o mais comum é enfrentar o panorama de salas lotadas, alunos que faltam ou são rebeldes e desobedientes, violência oral ou física, esgotamento mental dos professores, baixos salários, falta de reconhecimento e jornadas exaustivas. Enfim, uma série de contrapontos e desafios vivenciados a cada aula.

Ainda assim, os distribuidores do conhecimento não pensam em largar tão facilmente o ofício que escolheram. Segundo outra pesquisa, desta vez conduzida pelo Datafolha, oito de cada dez professores não pensariam ou não pensam em trocar de profissão.

Em parte, isso se explica em outro percentual interessante extraído da pesquisa: 91% dos educadores dizem que sua maior satisfação é observar que os alunos estão aprendendo e assimilando conhecimento.

Mas concordam que o desinteresse manifestado pelos alunos e a defasagem de parte deles são desafios a serem ultrapassados.

Relatos práticos

Moisés Machado é professor no bairro de Bangu, no Rio de Janeiro, e dinamiza suas aulas de modo bem interativo. Segundo informações do "Jornal Nacional", da TV Globo, ele se utiliza de música e de brincadeiras para que seus alunos aproveitem o aprendizado.

Se deu resultado? O estudante Elson Vicente tem 11 anos e reconheceu o seguinte: “eu não sabia ler. Aí o Tio Moisés ele mudou o negócio. Ele mudou o que eu não sabia ler, eu aprendi em questão de dias.”

A também professora Helzir Borges Lopes se derrete pelo ofício de ensinar: em quase 60 anos de docência, ela guarda muitos momentos. “É uma profissão muito sacrificante, mas ao mesmo tempo muito emocionante, gratificante, eu adoro (...).”

Professora da rede pública de Vespasiano, região metropolitana de Belo Horizonte, Ione Clarice trabalha há 10 anos na profissão e lista os problemas diários como a frequência irregular, muitas faltas, o descaso de famílias que não colaboram para frear a indisciplina de seus filhos e um salário que não é condizente.

“Se você ganha bem fazendo o que gosta, você terá muito mais disposição e pode trazer mais recursos. Mas hoje trabalhamos porque gostamos, não é pelo salário”, emendou Ione.

Por que o 15 de outubro?

O ponto inicial vem de um decreto baixado por Dom Pedro I em 1827. Foi nesta data (15/10) que esse dispositivo legal pedia que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. Ou seja, um ensaio para instituir o ensino fundamental.

Naquela época, grande parte da população não lia e nem escrevia. A Educação era um luxo ou uma utopia. Então, o decreto imperial foi um passo importante na criação e na democratização do ensino.

Mais de 100 depois, o professor da rede estadual Salomão Becker fez ressurgir a data de 15 de outubro para estimular a troca de ideias e experiências entre seus colegas de profissão e identificar os desafios dela.

Becker nasceu na cidade paulista de Piracicaba e era lá que, na mesma data de outubro, se promoviam festas com a participação de alunos e docentes. Muitos doces e salgados eram servidos, despertando a simpatia da comunidade. Com isso, essa iniciativa se espalhou para outras regiões.

Os últimos incentivos vieram de Antonieta de Barros e de João Goulart. Jornalista e deputada federal por Santa Catarina, Antonieta de Barros foi a primeira negra eleita para cargo legislativo. É dela a autoria do projeto que estabelece o 15 de outubro como feriado escolar. Era o ano de 1948.

Durante a gestão do Presidente João Goulart, nos anos 1960 –quase 15 anos depois–, é que o Dia do Professor se tornou um feriado escolar nacional, por meio do decreto nº 52.682/63.

No intuito de valorizar o ofício educativo, o mesmo decreto previa que as escolas criassem e promovessem eventos para valorizar a profissão.

Frases de destaque

Em vez de concluir a matéria com palavras próprias, transcrevem-se algumas frases que expressam genuinamente e profundamente o que significa ser professor e qual a sua importância para a sociedade. Seguem algumas delas pesquisadas para a elaboração da matéria:

  • “Professores brilhantes ensinam para uma profissão. Professores fascinantes ensinam para a vida.” (Augusto Cury)
  • “A primeira fase do saber é amar os nossos professores” (Erasmo de Roterdã)
  • “Educar verdadeiramente não é ensinar sobre fatos novos ou enumerar fórmulas prontas, mas sim preparar a mente para pensar.” (Albert Einstein)
  • “Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre do que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro.” (Dom Pedro II)