Estreou na quarta-feira (22), na Netflix [VIDEO], o filme mexicano “Ninguém Precisa Acreditar em Mim”. A produção, dirigida pelo cineasta mexicano Fernando Frias ("Ya No Estoy Aquí"), é uma adaptação do livro homônimo do escritor conterrâneo de Frias, Juan Pablo Villalobos. O roteiro é do próprio Frias, em parceria com a colombiana Maria Camila Arias e do próprio escritor da obra original, Juan Pablo Villalobos.
A trama
O filme é estrelado por Dario Yazbek Bernal, que dá vida ao jovem Juan Pablo Villalobos (sim, é o mesmo nome do autor do livro).
Juan está deixando o México para ir à Espanha para fazer um doutorado. O problema é que antes de viajar, ele descobre que seu primo está envolvido com uma organização criminosa internacional que mata seu familiar bem na frente dele e obriga o protagonista a seguir uma série de instruções para derrubar um poderoso político catalão.
O parágrafo acima tenta dar um pouco de dignidade à trama do filme, ao omitir as situações absurdas que o roteiro coloca o personagem principal. Juan tem que seguir uma série de instruções que, analisando friamente, não fazem o menor sentido. Assim como não faz o menor sentido ele ser obrigado a levar sua namorada, para depois receber ordens de conquistar Laia, a filha lésbica do político que a organização deseja exterminar.
Então a produção passa quase todo o tempo mostrando o protagonista tendo que seguir ordens de uma poderosa figura do crime que parece mais operar no improviso ou querer apenas torturar psicologicamente Juan do que tentar executar um plano para eliminar um inimigo. Juan, por sua vez, tenta desesperadamente manter em segurança sua namorada e seus pais, ao mesmo tempo em que se sente impelido a escrever um livro em que relata tudo o que está vivendo, algo similar ao protagonista da ótima minissérie francesa “Borboletas Negras”, também do catálogo da Netflix.
O problema é que a atuação de Dario Yazbek Bernal não convence em praticamente nenhum momento do filme. Até mesmo em situações de extrema violência, ele parece estar sempre apático. Em muitos momentos, a edição parece mostrar cortes abruptos, com a clara intenção de provocar a dúvida no espectador se o que está sendo mostrado na tela é real ou se trata apenas da imaginação do protagonista.
O livro que deu origem ao filme da Netflix é um best-seller que usa metalinguagem, situações inovadoras e humor. A equipe criativa do filme tentou incorporar estes elementos da obra literária no produto audiovisual e falhou na tentativa. A produção é confusa e não se define sobre o que quer ser. Seu final, que foge do tradicional, poderia ser um dos destaques da trama, mas acabou se tornando mais um momento sem emoção e talvez pretensioso.