A Netflix [VIDEO] estreou na última sexta-feira (12) o filme “Lift: Roubo nas Alturas” ("Lift", no original em inglês). A produção protagonizada pelo astro Kevin Hart tem direção de F. Gary Gray e roteiro de Daniel Kunka e Jeremy Doner. O novo filme da Netflix é mais uma parceria da produtora Hartbeat, cujo proprietário é o próprio Kevin Hart.

A trama

Kevin Hart dá vida a Cyrus Whitaker, líder de uma quadrilha de ladrões de obras de arte. Após ser pego em um roubo em Veneza pela agente da Interpol Abby (Gugu Mbatha-Raw), a agente federal se vê obrigada por seu chefe, vivido por Sam Worthington, a liberar o criminoso.

O agente da lei quer que Cyrus e sua equipe roubem a quantia de US$ 500 milhões em barras de ouro de um perigoso terrorista vivido por Jean Reno. Um fator complicador do roubo é que ele terá que ser realizado em um avião em pleno voo. Para piorar a situação, a agente Abby teve um romance com Cyrus. Eles passaram cinco dias (não uma semana) em Paris sendo que um não sabia da verdadeira ocupação do outro.

Mudança de ares

O novo filme do ator conhecido por suas comédias é mais uma tentativa de Hart de ser visto fazendo coisas novas em sua carreira. O astro já mostrou seu potencial dramático em outras produções e também não faz feio como astro de ação. Mas não será com o novo filme da Netflix que ele irá deixar de ser lembrado mais por seus papéis na comédia do que em outros gêneros.

Nem o protagonista nem o seu gigantesco elenco de rostos conhecidos do Cinema e/ou streaming estão mal na produção, pelo contrário. O diretor F. Gary Gray consegue fazer com que o filme passe a sensação de que as pessoas da equipe do protagonista possuem um forte vínculo de amizade, ainda que individualmente cada personagem poderia ter sido melhor trabalhado.

O cineasta F. Gary Gray tem familiaridade com este tipo de produção, tendo no currículo “Uma Saída de Mestre” (2003) e “Be Cool – O Outro Nome do Jogo” (2004). O filme de 2003 também fala sobre um ladrão que tem que lidar com a elaboração de um grande assalto, e o segundo, apesar de não ser mais um filme de assalto, também tem um elenco numeroso com personagens que estão à margem da lei.

Infelizmente, a filmografia do diretor se mostrou irregular. Ele também tem no currículo “Velozes e Furiosos 8” (2017). Seu novo filme se assemelha mais à sua passagem pela franquia capitaneada por Vin Diesel do que a algum de seus filmes de maior qualidade. O longa-metragem transcorre de maneira aceitável, mas quando finalmente é chegado o grande momento da execução do ousado plano, o filme cai em alta velocidade, como um avião que está sendo pilotado por alguém que nunca pilotou uma aeronave antes.

Ainda que clichê, a ideia de provocar uma tensão romântica entre os protagonistas que estão em lados opostos da lei, até estava, de certa maneira, funcionando, porém no final da trama o roteiro pede que o espectador esqueça tudo o que o próprio filme mostrou sobre determinada personagem e aceite aquele final piegas. Os roteiristas não precisavam exatamente primar pela verossimilhança, o problema foi não ser coerente com a trama proposta por eles mesmos.