A internet brasileira já está entre as mais caras do mundo, mas isso não implica na melhora do serviço oferecido - que é, aliás, notoriamente ruim -, tendo se tornado um grande exemplo de como a exploração do consumidor é praticamente uma tradição no país.

E diferentemente do que as empresas de telecomunicações brasileiras e a ANATEL querem nos fazer acreditar, a maior parte do mundo tem acesso a internet fixa sem franquia de dados. De acordo com pesquisa realizada pelaUnião Internacional de Telecomunicações (UIT), órgão vinculado à ONU, em 130 dos 190 países monitorados predomina o serviço ilimitado de acesso à internet.

A UIT é responsável por determinar padrões e fazer recomendações a nível global sobreTecnologias de Informação e Comunicação (TICs), além de publicar, anualmente, relatório em que descreve a situação das telecomunicações e estabelece um ranking de países em que há maior qualidade e acessibilidade às TICs, chamado Índice de Desenvolvimento.

Em seu último relatório, publicado em novembro de 2015, a Coreia do Sul ocupa o primeiro lugar como país mais bem avaliado, seguida pela Dinamarca e pela Islândia. Dos dez países que figuram nas posições superiores do ranking, apenas três adotam o oferecimento prioritário de planos limitados: Islândia, Reino Unido e Luxemburgo.

O resultado dessa pesquisa foi novamente trazido à tona com a polêmica gerada pelas declarações do presidente da ANATEL, João Rezende, que chegou a afirmar que a era da banda larga fixa ilimitada teria acabado.

O apoio da Agência Nacional de Telecomunicações às operadoras aconteceu antes mesmo de serem realizados estudos sobre o impacto que essa limitação pode gerar e, obviamente, sem qualquer aprovação por parte dos consumidores.

Uma vez que as operadoras oferecem e fazem propaganda de um serviço com download sem limitação de dados, é preciso que estejam preparadas para atender às demandas dos consumidores e isso inclui a melhora da infraestrutura diante do uso cada vez maior destreamings. O princípio é bastante simples: se foi vendido um plano ilimitado, ele deve permanecer ilimitado e é uma obrigação da provedora mantê-lo assim.