A jornalista filipina Maria Ressa, que venceu na última sexta-feira (9) o Nobel da Paz ao lado do russo Dimitri Muratov, deu uma entrevista à agência Reuters e fez críticas ao Facebook.

Críticas

A ganhadora do Nobel afirmou que a rede social de Mark Zuckerberg comete falhas no combate à disseminação de fake news e não consegue evitar a propagação de ódio na internet.

A jornalista declarou que os algoritmos do Facebook dão prioridade à disseminação de mentiras junto com a "raiva e o ódio aos fatos", disse a filipina.

Se as pessoas não têm fatos, elas não podem ter verdades, e sem isso não se pode ter democracia, argumentou a fundadora e diretora-executiva do Rappler, veículo de imprensa de jornalismo investigativo das Filipinas.

Facebook

A rede social foi procurada para comentar as falas de Maria Ressa, um porta-voz da empresa afirmou que o Facebook continua seus investimentos para reduzir a visibilidade de conteúdo nocivo e que defende a liberdade de imprensa.

A jornalista e o russo Dimitri Muratov, o editor-chefe do jornal Novaya Gazeta ganharam reconhecimento do Nobel por seus esforços e por defender a liberdade de imprensa e expressão em seus respectivos países.

Sobre Ressa, o comitê da Noruega do prêmio Nobel declarou que ela usa a liberdade de expressão para denunciar o abuso de poder, atos de violência e o crescente autoritarismo nas Filipinas.

As declarações de Ressa acontecem em um momento delicado para o Facebook.

A entrevista foi publicada justamente após o depoimento no Senado estadunidense na última quarta-feira (6) da ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen.

A delatora acusou a gigante da tecnologia de disseminar a desinformação e o discurso de ódio de maneira proposital para garantir seus lucros.

Dedicatória

No sábado (9), Maria Ressa dedicou seu prêmio Nobel para "todos os jornalistas do mundo".

Ela ainda fez um apelo para que os profissionais de comunicação continuem a luta pela liberdade de imprensa. Maria Resser é uma das vozes mais importantes contra Felipe Duterte, o presidente das Filipinas.

O reconhecimento de Ressa foi comemorado pela mídia e por instituições humanitárias em um país que é visto como um dos mais perigosos do planeta para o exercício do jornalismo.

Maria Ressa tem 58 anos, ela já trabalhou na CNN e tem sido alvo de diversos processos judiciais e investigações nos últimos anos e tem sido vítima de forte cyberbullying, principalmente após a chegada de Duterte ao poder no ano dee 2016.

Rappler

O Rappler publicou artigos desfavoráveis ao chefe de Estado, especialmente por sua luta polêmica e sangrenta contra o tráfico de drogas.