Dois engenheiros terceirizados e três funcionários da Vale foram detidos pela Polícia na manhã desta terça-feira (29). Os engenheiros teriam sido os responsáveis por "atestar a estabilidade da barragem" de Brumadinho, segundo a Polícia Federal, que se rompeu na sexta-feira (25), deixando centenas de desaparecidos e dezenas de mortos.
Perla Saliba Brito, da Comarca de Brumadinho da Justiça de Minas Gerais, foi a juíza responsável por expedir os mandatos de prisão temporária dos funcionários da Vale. Os mandato têm um prazo de 30 dias e, segundo a magistrada, as prisões são necessárias por serem imprescindíveis para as investigações sobre o desastre ambiental.
Ainda segundo Perla, alguns delitos poderiam ter sido feitos na clandestinidade.
Quem será investigado?
De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), Rodrigo Artur Gomes de Melo, Ricardo de Oliveira e César Augusto Paulino Grandchamp, os três funcionários detidos, estariam diretamente envolvidos com o empreendimento da mineradora, incluindo seus licenciamentos. Eles foram presos em Belo Horizonte, na região metropolitana, e devem ser interrogados para que dúvidas sobre o acontecido sejam sanadas.
Já em São Paulo dois engenheiros que eram terceirizados pela Vale também foram presos. Segundo a Polícia Federal, Makoto Namba e André Jum Yassuda teriam atestado a estabilidade da barragem antes do desastre.
Ambos são prestadores de serviço da empresa alemã Tüv Süd, que ainda não se pronunciou sobre as prisões nesta terça-feira. Entretanto, na segunda-feira (28), a empresa afirmou que irá colaborar com as autoridades brasileiras, fornecendo todos os documentos necessários para as investigações.
A Tüv Süd garantiu ter realizado uma inspeção periódica de segurança na barragem no dia 18 de junho, fora a inspeção regular feita no dia 26 de setembro.
As inspeções estariam de acordo com o que foi previsto pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).
Em nota, a Vale também prometeu colaborar com a apuração dos fatos e se colocou à disposição para responder qualquer questionamento. Além disso a empresa garantiu que fornecerá apoio incondicional à todas as famílias que foram atingidas pelas ondas de lama.
Além das cinco prisões mais doze pessoas estariam ainda sendo procuradas pelas autoridades responsáveis pelo caso. Cinco ordens judiciais foram expedidas contra a Vale pela Justiça Federal em Belo Horizonte. Além disso, outra empresa na capital paulista, responsável por prestar serviços de consultoria de barragens para a Vale, também deverá receber uma ordem judicial.