O grande prejuízo ambiental –tanto na perda de fauna e flora quanto no reflexo de atividades econômicas como o turismo– na planície do Pantanal mato-grossense foge da área delimitada na parte mais ocidental da Região Centro-Oeste e poderá ser sentido pelas cidades e moradores das regiões Sul e Sudeste do Brasil.

Com o aumento da frequência e da intensidade das queimadas no bioma pantaneiro, a quantidade de fumaça gerada deverá se deslocar por meio dos ventos e agravar mais a poluição atmosférica. Este é o cenário descrito pelas imagens analisadas no Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Segundo as tendências nas condições climáticas para os próximos dias, uma movimentação da frente fria para o Sudeste potencializa o transporte de fumaça para todos os estados do Sul do Brasil, caracterizando uma gravidade na poluição.

Praticamente todo o país

O instituto divulgou um alerta de perigo para quase toda a região Centro-Oeste, com exceção de Mato Grosso do Sul. Os estados de Tocantins e Minas Gerais também já foram notificados sobre a situação combinada entre o dano das queimadas e os impactos originados pela destruição do meio ambiente.

Para o agreste e sertão nordestinos, Rio de Janeiro e a parte norte de Mato Grosso do Sul, o aviso foi de “perigo em potencial”.

Outro organismo estatal, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), comunicou que o Brasil sofre com o total de 139.316 focos de incêndio em vegetações como o Cerrado, o Pantanal e a Floresta Amazônica.

Os dados mostram que, nos últimos dois dias, surgiram 5.342 focos.

Mesmo com o mês de setembro em curso, o Inpe fez uma divisão geográfica para saber quais partes do território estão sendo mais afetadas. Os campeões da devastação provocada pelo fogo são os estados de Mato Grosso e Pará, com 7 mil registros cada. Porém, citou outros estados com atividade de queimadas: Tocantins, Amazonas e Maranhão estão nesta lista, com 3 mil focos cada um, aproximadamente.

No último dia 16, o governo federal liberou uma verba de R$ 10 milhões ao estado de Mato Grosso visando à coibição dos incêndios.

Previsão do tempo

Meteorologistas não descartam a chegada das cinzas a partir desta quinta-feira (17) em São Paulo e no Triângulo Mineiro. Estima-se que pouquíssimo tempo depois, o fenômeno chegaria a Belo Horizonte.

Em certas áreas de Minas Gerais, a taxa de umidade chega a 15%.

Existe a possibilidade de transformação de cor no céu, mudando-o para o tom alaranjado: isso acontece quando as partículas provenientes das queimadas se misturam com os raios do Sol.

Particularmente, o estado de São Paulo deve registrar a chuva negra, já que dentro do território paulista há outras ocorrências de incêndio ambiental. Com o somatório de tantas queimadas, é inevitável a acumulação de fumaça e posterior formação de poluição atmosférica.

Assim como em Minas Gerais, o céu paulista pode ser atingido pelas cores laranja e vermelha, mais vistas no crepúsculo do dia –conforme os prognósticos emitidos pelos meteorologistas. Mas não se engane, estas cores são derivadas do problema advindo do Pantanal e do interior de São Paulo.

No dia 19 de agosto do ano passado, o estado e a cidade de São Paulo receberam a chuva negra, deixando o céu totalmente escuro em plena tarde.

Mais sensíveis

Os acometidos por doenças e problemas respiratórios devem se precaver, pois fumaça, fuligem e outras partículas vindas das queimadas ocasionam asma, bronquite e inflamações. Dependendo do caso, o problema pode afetar o coração.

Médicos receitam que a atual máscara usada contra o coronavírus adquire uma função adicional nesta época do ano, uma vez que ela é um ótimo protetor contra o ar seco e a inalação de impurezas encontradas no ar, preservando a saúde.