O fogo avança no Pantanal como nunca visto antes. O cenário é de tristeza, desolador e frustrante para os que acompanham de perto os reflexos das queimadas. Árvores destruídas e a morte de diversas espécies de animais aparentam ser o novo comum do bioma.
Chamas
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 2,3 hectares do Pantanal já foram atingidos pelas chamas, o que representa a destruição de 15% da área.
Uma comparação realizada por especialistas mostra que as áreas atingidas correspondem ao tamanho de 15 capitais paulistas.
No ano de 1998, o Inpe iniciou um monitoramento no Brasil para acompanhar os níveis de queimadas que estavam em grandes proporções. Segundo o instituto, o número atual de focos de incêndios é o maior desde o início do projeto, que se tornou referência. Apenas neste ano de 2020, 12,1 mil focos de calor já foram registrados na região.
Animais
Os animais enfrentam uma grande luta pela sobrevivência, enquanto o bioma queima e devasta a vegetação local. A fumaça intensa prejudica não só os animais, mas as pessoas que residem no local ou próximo a ele.
Esta situação é um problema agravado pela pandemia, uma vez que a proporção de fumaça prejudica a saúde respiratória da população, fazendo com que os atingidos fiquem mais vulneráveis ao vírus.
Imagens
A BBC News Brasil recebeu fotografias que relatam a real situação do Pantanal, as imagens apesentadas foram realizadas por fotógrafos profissionais e por voluntários, e dizem respeito às últimas semanas.
Um dos fotógrafos, José Medeiros, relatou à BBC News Brasil que a paisagem do bioma se compara a um cenário devastado pela guerra. Entre as queimadas, José diz que é possível observar espécies de cobras, jacarés entre outros animais carbonizados.
Uma das imagens registradas pelo fotógrafo é a de um jacaré que aparece com a boca aberta.
Ele intitulou a fotografia de "O Grito", pois a imagem parece realmente um grito de socorro. O fotógrafo relata ainda que a atual situação é muito grave e que as pessoas não se deram conta da seriedade.
Apocalipse
Bruna Obadowski, também fotógrafa, relatou que em sua perspectiva, o cenário é apocalíptico e a fumaça parece ganhar uma grande proporção quando as pessoas se aproximam dela, sem contar o cheiro das queimadas, que ela afirma ser algo muito forte. Outro fotógrafo relatou à BBC que a situação é frustrante e que o Pantanal agoniza. "É desolador", lamenta o fotógrafo Ahmad Jahaa.
Pantanal
O bioma é considerado a maior área úmida continental de todo o planeta Terra, no entanto, devido aos problemas atuais, especialistas afirmam que o rápido avanço das chamas se tornou favorável.
Um dos fatores que favorecem o fogo é o volume de chuva da região, que de acordo com os especialistas, é 40% menor do que em anos anteriores, causando a redução do nível do rio Paraguai.
As queimadas e desmatamento na Floresta Amazônica também contribuem com o atual cenário, uma vez que diminui a corrente de umidade que inicia na Amazônia originando uma grande corrente de água, que segue para diversas regiões através do ar.
Júlio Sampaio, engenheiro e líder da iniciativa Pantanal, afirma que diversos fatores influenciam nesta situação, que acabou saindo do controle, e que não depende apenas de questões climáticas, mas sim um conjunto de acontecimentos.