Inicialmente, cabe corrigir uma informação que foi amplamente divulgada na mídia, inclusive aqui na nossa coluna: Andreas von Richthofen não foi apreendido na Cracolândia, até porque fisicamente ela se espalhou por toda São Paulo, não havendo mais o local original. O rapaz foi apreendido no bairro Chácara Flora. A confusão da imprensa deu-se por conta de, um dia antes, o rapaz ter sido abordado por agentes da prefeitura, mais especificamente equipes da Secretaria Municipal da Saúde, que lhe ofereceram cuidados e tratamentos médicos. Mas como todo 'nóia', como são vulgarmente chamados os usuários mais profundamente submersos no mundo do crack, não consegue interpretar a realidade de seu estado, o 'convite' foi recusado.

Ele não aceitou a ajuda da prefeitura. Note que a abordagem do dia anterior, foi feita na região da Cracolândia. Ele, segundo a própria prefeitura, frequentava o local, para se abastecer da pedra.

Mas a detenção do rapaz foi feita no dia seguinte, quando ele tentava invadir uma residência, a qual disse que pertencia a um tio. Essa residência fica no bairro de Chácara Flora, região de Santo Amaro, Zona Sul de São Paulo.

Andreas von Richthofen, de 29 anos, irmão de Suzane von Richthofen, foi então levado nesta terça-feira (30), ao Hospital Municipal do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo. Segundo o boletim médico, com ferimentos compatíveis a uso de drogas, cabelos compridos e roupas rasgadas.

Além disso, ele dizia que estava agindo sob ordens de um possível 'imperador', completamente confuso, com quadro de desordem mental, agitado e agressivo. Ele foi atendido pela psiquiatra de plantão que decidiu imediatamente interná-lo. Ao saber da notícia que ele ficaria longe da região de drogas, ele tentou se ferir, jogando-se da maca.

Por sorte, e por experiência, uma medalha de metal, com o brasão de sua família foi retirada de sua posse, pois, conforme relatos, o objeto poderia ser usado para um autoferimento.

O médico que é tio de Andreas e inclusive cuidou do rapaz até sua maioridade, Miguel Abdala, chegou ao hospital por volta das 21h e ficou sabendo que seu sobrinho já estaria medicado e mais calmo.

Ele já estava num leito da ala de psiquiatria da clínica particular de recuperação São João de Deus. A clínica possui convênio com a Prefeitura para receber os usuários de drogas que aceitam internação (programa Redenção da Prefeitura Municipal de São Paulo).

Nem o tio, nem a advogada do rapaz se pronunciaram sobre o caso.

Relembre o caso

Em 2002, quando os pais foram mortos pelos irmãos Cravinhos a mando de sua irmã, Suzane Von Richthofen, Andreas era apenas um garoto de 15 anos. A irmã veio a confessar o crime e foi condenada a 39 anos de prisão, além de ser deserdada. Andreas ficou sob os cuidados do tio Miguel Abdalla, que é médico, que também administrou a fortuna deixada pelos pais, até que ele completasse 18 anos.

O rapaz praticamente não aparecia na mídia. Recentemente, foi divulgado pelo jornal Extra que Andreas fez doutorado na área de química sintética orgânica, voltado para compostos novos ainda pouco analisados. Seu professor orientador disse que o rapaz era exemplar. O doutorado foi finalizado em 2015, pela USP.

Foto de Andreas no hospital.