No dia 13 de março, a última quarta-feira, dois homens encapuzados portando armas brancas e uma arma de fogo entraram na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, e iniciaram disparos contra os alunos e funcionários da instituição. Enquanto realizavam toda a ação, um dos atiradores gritava a frase “hoje é o dia de vocês morrerem”, conforme relatos de pessoas presentes no local à imprensa.
O pânico se espalhava pelas escolas e, em diferentes áreas da Raul Brasil, professores, alunos e funcionários procuravam por maneiras de se esconderem dos disparos.
Em uma sala de aula, alunos na faixa etária dos 13 aos 14 anos procuravam não fazer barulho enquanto choravam escondidos atrás da porta fechada.
Situação semelhante ocorria no Centro de Línguas que funciona dentro da escola. A aula da professora Jussara Melo, de 55 anos, estava pela metade quando a docente ouviu um “som seco”. Após a repetição de barulhos similares, Jussara disse ao site Terra ter percebido o que acontecia realmente no local. Da própria sala, a professora teria visto que os alunos da escola, que estavam no pátio por conta do intervalo, gritando e procurando se esconder.
Uma estudante conseguiu se abrigar na classe de Jussara e, após a entrada da adolescente, a professora decidiu trancar a porta, mas percebeu que não possuía a chave, de modo que precisou improvisar uma barricada, utilizando a sua mesa, e apagou as luzes da classe, além de pedir silêncio aos alunos para que todos pudessem escapar com vida daquele horror.
Jussara Melo conta que os barulhos pareciam se aproximar e os atiradores chegaram a tentar forçar a porta, que cedeu por alguns centímetros, provocando pavor nos estudantes. Ao perceber o que acontecia, Jussara utilizou o próprio corpo como contrapeso para impedir que a porta se abrisse e os atiradores entrassem. Ela relatou que não sabe como encontrou forças e que não se lembra de muito, apenas da porta se fechando novamente, segundos depois de ser parcialmente aberta.
Após o ocorrido, a professora comentou que seguiu-se um silêncio inesperado. Possivelmente, nesse ponto, os atiradores já haviam tirado a própria vida. Uma aluna, que estava na classe, ligou para a Polícia, mas a professora só se sentiu tranquila o bastante para deixar que os alunos saíssem quando outro docente avisou que estava tudo tranquilo no lado de fora.
A caminho do portão de saída da escola, Jussara e os estudantes de sua classe se depararam com corpos no chão e bastante sangue. A professora afirma que não sabe se será capaz de retornar à escola.
Merendeira ajuda a esconder 50 crianças
A merendeira Silmara Cristina Silva de Moraes, de 54 anos, pensou rápido ao perceber o que estava acontecendo. Ela abriu a porta da cozinha e fez com que o maior número de crianças se escondessem lá dentro. Em seguida, com a ajuda de colegas de trabalho, fez uma barricada com freezer e geladeira para que os atiradores não entrassem no local.