Após a divulgação de que o suspeito de matar Marielle Franco, Ronnie Lessa, teria pesquisado sobre o professor Pedro Mara, ele não encontrou outra solução, a não ser deixar o estado. O professor, que é diretor do Ciep 210 Mario Alves de Souza Vieira, em Belford Roxo, teria tido a vida vasculhada por Ronnie. O professor ficou conhecido em 2017 após uma desavença com Flavio Bolsonaro (PSL), que, nessa época, ainda era deputado e teria apresentado para o Ministério Público uma denúncia a respeito de Pedro Mara, que defende a legalização da maconha e é professor de educação física para menores de idade.

Mara se encontra abalado com a situação após ser alertado pela imprensa de que teria seu nome nas pesquisas de Lessa. Ele, juntamente de membros da escola, fizeram uma análise a respeito da situação e concluiu-se que ele pediria uma licença. Temendo retaliação da milícia, ele afirma que teme pelos seguidores de Bolsonaro. Ele deixa a direção da escola na mão de outros diretores até que decida se irá renovar sua licença ou não.

Educar participava de audiências na Alerj

O educador, que é um habitual participante das audiências públicas na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro), fez um pedido de licença de duas semanas com a intermediação da Comissão de Educação, que é presidida por Flavia Sarafini (PSOL).

Mara, que foi eleito diretor da escola, lutou para que os alunos pudessem ter o direito de realizar cerimônias de formatura, que até então não eram permitidas. Ele conseguiu ainda que, além do direito a cerimônias, uma doação de becas para que os alunos usassem fosse realizada pelo estado.

Também é apontado pela Polícia Civil que Ronnie Lessa teria uma obsessão específica pelo deputado federal Marcelo Freixo (PSOL).

Ele teria realizado, inclusive, 28 pesquisas referentes ao deputado. Freixo estaria ciente há mais ou menos 45 dias da existência dessas pesquisas. O interesse de Lessa também se estendia a respeito de pessoas próximas de Marcelo Freixo. O acusado de matar Marielle também teria feito outras pesquisas suspeitas.

A investigação ainda está sendo rotulada como pré-crime, como havia dito o até então delegado titular Geniton Lages, em uma coletiva de imprensa.

Ele afirma que o militar reformado Ronnie Lessa realizava pesquisas relacionadas a Marcelo Freixo, a esposa de Freixo e outras autoridades públicas, como generais e delegados da Polícia. Não se sabe afirmar se essas pesquisas teriam alguma relação com o assassinato, ou seriam apenas por divergências ideológicas do acusado.