Após uma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, exibida no final do mês passado, denunciando que funcionários estariam se utilizando de atestados médicos falsos para justificarem faltas e com isso não ter o dia de trabalho descontado, a empresa multinacional ZF do Brasil, situada em Sorocaba, no interior de São Paulo, demitiu nesta quinta-feira (11) mais de 100 funcionários por justa causa.

A empresa realizou uma auditoria interna e constatou que no intervalo de 18 meses –entre 2018 e 2019– havia cerca de 4 mil atestados, todos eles assinados pelo mesmo profissional, para um grupo de 100 funcionários.

A ZF afirmou ainda que procurou o Ministério Público na última sexta-feira (5) e pediu a apuração dos fatos.

Outras empresas da cidade também estariam desligando funcionários pela mesma razão, mas em menor escala.

Associação diz que algumas demissões são ilegais

Associação dos Trabalhadores Lesionados de Sorocaba (ATL) classifica algumas demissões como sendo ilegais e discriminatória. A entidade diz que alguns dos funcionários atendidos pela clínica tem estabilidade por conta do quadro de saúde.

De acordo com Sérgio Cândido Teixeira, presidente da ATL, os funcionários foram direcionados para a clínica pela própria empresa, a qual mantinha convênio. Ele disse ainda, desconhecer que os funcionários agiram de má-fé.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba disse que fará as orientações aos funcionários demitidos.

Funcionário da ZF há 21 anos, Douglas Moreira Salton, de 43 anos, foi um dos trabalhadores demitidos nesta quinta-feira. Ele fazia tratamento na clínica denunciada pela reportagem e disse que jamais tinha como adivinhar que o médico estaria fazendo coisa errada.

Entenda o caso

No programa dominical, exibido em 23 de junho, uma equipe de reportagem esteve algumas vezes em uma clínica de acupuntura, ginecologia e obstetrícia de Sorocaba. Com uma câmera escondida, os produtores foram até o local e saíram de lá com atestados médicos sem terem passado por consulta. Eles pagavam apenas uma taxa que variava de R$ 30 a R$ 40, dependendo da frequência que a pessoa solicitava os serviços.

Ao chegar no local, a pessoa que desejava o atestado não necessitava preencher nenhuma ficha com dados básicos, como nome, endereço ou profissão. Apenas assinava uma lista de presença e esperava para ser atendido.

Segundo informações do portal G1, em todas às vezes que a equipe de reportagem foi à clínica, o médico que fazia a acupuntura não estava, mesmo assim a recepcionista havia oferecido um atestado, que já estava previamente assinado pelo médico. Em contato com a reportagem, ele negou as irregularidades. Logo após as denúncias, a clínica foi encontrada fechada.