Um horem de 82 anos, morador da cidade de Salto, no interior de São Paulo, tenta retirar toneladas de material reciclável acumulado dentro de casa por sua esposa por mais de 20 anos. Para se livrar de todos os objetos, em sua maioria, formado por móveis velhos, caixas de papelão e vidros. O volume de coisas é tamanho que o homem para poder entrar e sair de casa precisou quebrar um pedaço do muro da residência, uma vez que o portão já estava com sua passagem obstruída.

Benedito Togni disse que sua esposa, de 77 anos, sofre de transtorno e desde a morte de sua mãe, no final da década de 1990, traz para dentro de casa tudo que encontra na rua.

"Desde que a mãe dela morreu (...) começou a pegar as coisas na rua e trazer para casa. Não sei o que fazer", disse ao portal G1 o homem, que recentemente fez uma cirurgia. A mulher, que preferiu não conceder entrevista, se limitou a dizer que apenas “guarda o que precisa”. Parte do material foi jogado na rua.

Poder público se manifesta

O casal não tem filhos e os parentes que moram próximos também já estão com idade avançada e pouco podem fazer para ajudar. Sem saber o que fazer, Benedito jogou parte do material na calçada, que foi recolhido por agentes da Defesa Civil, mas ainda há muita coisa dentro do imóvel, o que gera riscos de propagação de criadouros do mosquito da dengue, além de atrair outros animais peçonhentos.

A Prefeitura de Salto emitiu uma nota onde afirma estar ciente da situação e uma equipe da Secretaria de Saúde visitou o endereço, bem como o Departamento de Zoonoses. A Prefeitura informou ainda que foi agendada uma visita de um coordenador da Saúde Mental. Por fim, todo o material será retirado por uma equipe da Secretaria do Meio Ambiente com o consentimento do dono do imóvel.

O transtorno psicológico pelo qual a esposa de Benedito sofre consiste em juntar todo o tipo de material, que para a pessoa tem algum valor. Elas passam a olhar para o objeto como algo de valor sentimental, estético e ou simplesmente de valor. Cerca de 5% da população mundial sofre com esse tipo de transtorno.

Mais de 100 toneladas recolhidas em Agudos

Em abril deste ano, na cidade de Agudos, também no interior de São Paulo, a prefeitura local retirou mais de 100 toneladas de material que estava acumulado em um casarão do centro da cidade. A operação mobilizou dez funcionários e foram necessárias 37 viagens de caminhão para levar tudo a um aterro sanitário da cidade.

Os trabalhos duraram mais de um mês e foram retirados vários tipos de coisas, como roupas, livros, jornais velhos, garrafas e até restos de comida, além de serem encontrados focos do mosquito da dengue. No casarão vivia apenas um homem, que é um dos dez herdeiros do imóvel e foi quem durante anos ficou juntando todo o material.