Um primo de Willian Augusto da Silva, de 20 anos, homem que sequestrou um ônibus com quase 40 passageiros na manhã desta terça-feira (20) e foi abatido por um atirador de elite, esteve com os reféns e se desculpou com todos eles.

“Tive acesso a todas as vítimas. Eu, pessoalmente, pedi desculpa a eles”, disse Alexandre Silva, que evita colocar o parente como também sendo uma vítima. “É o mínimo que a gente pode fazer (...) em momento algum eu botei ele como 'meu primo, coitado'. Ele tinha que pagar”, falou após prestar depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo.

Ele disse ainda que o desfecho foi o certo e que o rapaz teve que pegar pelo que fez. “Graças a Deus que está chorando só a minha família, poderia estar chorando 37 famílias”, disse. Inicialmente 37 era o número de reféns que havia sido noticiado, mas a informação foi corrigida e o número correto é 39 reféns.

Alexandre disse que Willian trabalhava junto com seu pai em uma padaria, mas que vinha passando por problemas psicológicos e enfrentando depressão. Segundo o primo, o sequestrador era uma pessoa tranquila.

A mãe de Willian também esteve na delegacia. Muito abalada ela chegou a desmaiar e não quis conversar com a imprensa. Ela foi consolada pelo pai de um dos reféns. “A gente tem que respeitar todos os lados, mas naquele momento não tinha muito o que fazer”, disse Paulo César Leal, cuja filha, Raiane das Gravas Leal, era uma das passageiras que foi mantida em poder do sequestrador.

Negou assalto e exigiu R$ 30 mil

Tão logo foi percebida a ação de Willian dentro do ônibus, muitos passageiros começaram a oferecer seus pertences,por acreditarem que se tratava de um assalto, quando de forma surpreendente ele disse que não queria levar nada de ninguém e sim que o ônibus estava sendo sequestrado e que exigiria R$ 30 mil de resgate.

De acordo com um dos reféns, o rapaz parecia calmo e tranquilo, e apesar de informar que tinha uma garrafa com combustível, em nenhum momento mencionou que queria incendiar o veículo.

Hans Moreno, um dos passageiros do ônibus, relatou que o sequestrador quebrou a câmera do ônibus com uma faca e pintou com tinta spray o para-brisa do motorista.

O cheiro da tinta que ficou no interior do veículo fez com que algumas pessoas passassem mal e ele foi convencido pelos outros passageiros a libertá-la.

Moreno disse ainda que William a todo momento perguntava sobre a situação do trânsito e chegava a fazer piadas. O sequestrador também acompanhou a ação pela imprensa por meio do telefone celular de uma das reféns. Por fim, ele contou que após ouvirem os tiros, viu os policiais do Bope entrando no veículo informando que estava tudo bem.