Terminou sem maiores consequências o cárcere privado de dois adolescentes, um menino de 12 anos e uma menina de 14, que haviam sido feitos reféns pelo padrasto desde a manhã de segunda-feira (2), em Cafelândia, no interior do Paraná. Após quase 30 horas, eles foram libertados sem ferimentos e o acusado, de 39 anos, detido.
Ainda não se sabe o que levou o rapaz a manter os enteados como reféns. As vítimas ficaram amarradas e o homem estava armado com uma faca. Durante as negociações, sendo a maior parte delas feitas pela janela da casa onde estavam, o rapaz dizia que não iria se entregar e que também não queria nada em troca.
"Ele varia bastante o humor, às vezes ele tem picos de agressividade", disse o major Jorge Aparecido Fritola enquanto o sequestro ainda estava em andamento.
O homem convive com a mãe dos adolescentes há dez anos e tem uma filha com ela. A mãe dos garotos não estava em casa na hora que os filhos foram feitos reféns em razão de ter dormido na casa dos patrões, onde trabalha de diarista, e só ficou sabendo da situação quando o padrão do companheiro ligou para ela para saber a razão do rapaz não ter ido trabalhar. A filha mais nova também não estava no imóvel e o pai da adolescente de 14 anos, que mora em Goioerê, no centro-oeste do estado, foi até o local acompanhar as negociações.
O tio do menino de 12 anos estranhou o fato dele não ter ido até a chapeação da família, onde é ajudante, e foi até sua casa ver o que estava acontecendo.
Ao chegar no local, o padrasto disse que ele não sairia de casa. Os jovens também estavam sem acesso a telefone celular e televisão.
Por volta das 18h30 desta terça-feira (3), após mais de 24 horas de negociações, que se iniciaram às 15h do dia anterior, os adolescentes foram liberados. A operação contou com o apoio de mais de 40 policiais e com quatro negociadores do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), de Curitiba.
O acusado recebeu atendimento médico e depois foi encaminhado para a Delegacia de Polícia Civil de Nova Aurora.
Problemas com drogas
A irmã do homem que manteve os enteados reféns disse que ele já havia tido problemas com álcool e drogas e que no ano passado havia se submetido a um tratamento. Ela disse ainda que ele tinha bom relacionamento com os adolescentes.
De acordo com a assistência social de Cafelândia, o rapaz ficou 45 dias internado em Londrina e posteriormente foi para uma clínica de recuperação em Campo Mourão, ambas as cidades no interior paranaense.
Todo o tratamento durou nove meses e ele foi liberado em janeiro passado e desde então vinha recebendo acompanhamento mensal, o qual não detectou nenhuma mudança em seu quadro.
Segundo a família, o homem trabalhava em uma empresa de construção civil da própria cidade.