As comunidades de Brumadinho, cidade localizada em Minas Gerais, passaram por um ano conturbado após a tragédia provocada pelo rompimento de uma barragem da empresa Vale.

Se antes os moradores da cidade viviam em um local tranquilo, barulhos de caminhões e maquinário pesado se tornaram parte da rotina do local, tornando a vida da população algo que passa por constantes transtornos, além de rememorar a perda de entes queridos após a tragédia citada.

Devido a isso, o clima da comunidade no Córrego do Feijão, por exemplo, ainda é de luto.

De acordo com Nelton Ferreira dos Santos, que vive na região do Córrego do Feijão há cerca de 25 anos, a situação pode ser descrita como angustiante.

Durante uma entrevista concedida ao G1, Nelton afirmou que sente como se a dignidade e a liberdade dos moradores da região tivessem sido retiradas após o ocorrido.

Ainda sobre isso, o morador do Córrego do Feijão relata que a comunidade está em busca de paz após o rompimento da barragem. Contudo, a vida no local acabou se tornando insustentável para ele e sua família a partir da presença da Vale no local.

Nelton ainda pontuou que, atualmente, somente os homens responsáveis pelo trabalho realizado pela Vale circulam livremente pela área, e os moradores do local optam por ficar dentro de casa.

“Mais vontade de ir embora”, dizem moradores

Também de acordo com Nelton Ferreira dos Santos, a vontade é de deixar Brumadinho a cada dia que passa.

De acordo com o morador do local, ele somente não fez isso porque ainda não sabe para onde ir, mas perdeu por completo o desejo de viver nessa área.

A família de Nelton não é a única a pensar em abandonar a região do Córrego do Feijão. De acordo com relatos dos moradores do local, obtidos pelo G1, até mesmo uma mercearia da área acabou fechando as portas devido aos transtornos.

Além disso, Daniel Francisco Solano também permaneceu na comunidade após a tragédia da Vale, mas afirma que a área acabou perdendo o seu brilho depois dos fatos destacados. Nesse sentido, Solano afirma que não existe mais alegria no local e que ele chega a sonhar com as pessoas que faleceram na tragédia.

O homem, que atua como servente, afirmou que já procurou por acompanhamento psicológico e chegou a passar por um psiquiatra também, mas pouca coisa foi modificada após a consulta com os profissionais, visto que as suas lembranças da tragédia permanecem.

Devido aos fatores citados, Daniel é mais um dos que pretendem se mudar do local e já está com tudo pronto para isso. Ele se considera sortudo por ter a chance de ir embora do Córrego do Feijão ainda com vida.