A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) divulgou um vídeo no início na noite de terça-feira (18) que desmente as acusações feitas por um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o senador Flávio Bolsonaro (sem partido). Flávio mostrou um vídeo com o que seria o corpo do ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais) Adriano da Nóbrega durante procedimento de autópsia.
O órgão de segurança da Bahia afirma que a filmagem que foi publicada no Twitter de Flávio Bolsonaro não foi reconhecida como sendo autêntica, tanto pela perícia da Bahia como também pela perícia do Rio de Janeiro.
Maurício Teles Barbosa, o secretário da Segurança Pública da Bahia, afirmou que a SSP-BA tem a convicção de que a divulgação do vídeo pelo parlamentar tem a intenção de levantar dúvidas sobre um trabalho que ainda não foi finalizado.
Adriano era acusado de ser um dos chefes da milícia Escritório do Crime. Ele morreu no último dia 9 em um confronto com a polícia na zona rural de Esplanada, cidade que fica situada a 170 quilômetros da capital Salvador.
Flávio, em sua publicação no Twitter, insinuou que Adriano havia sido torturado antes de ser morto na operação realizada pela PM da Bahia, em conjunto com a Polícia Civil do RJ, e ainda levantou o questionamento. "Quem mandou matar Adriano?".
A hipótese, levantada pela reportagem da revista Veja, foi descartada pela versão oficial.
Um laudo de necropsia foi divulgado pelo DPT (Departamento de Polícia Técnica) da Bahia, e no documento consta que o miliciano foi alvejado por dois tiros de fuzil, disparados a pelo menos um metro e meio de distância.
O vídeo possui 21 segundos de imagens, porém sem áudio. O corpo é filmado de costas com uma etiqueta em que é visto o nome “Adriano Magalhães”.
Mesmo com cenas fortes, Flávio Bolsonaro não alerta antecipadamente sobre o conteúdo das imagens. O “01” também não explica como teve acesso ao vídeo.
Governo PT
Flávio Bolsonaro escreveu que vários ferimentos que foram encontrados no corpo que ele alega ser de Adriano da Nóbrega, e ainda afirmou que: "Perícia da Bahia (Governo PT) diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado”.
Horas depois, o senador postou novamente no Twitter o que seria uma guia para exame pericial e laboratorial expedida pelo DPT (Departamento de Polícia Técnica) baiano. E novamente um texto em que levantava dúvidas sobre a idoneidade das forças policiais da Bahia.
No comunicado, Maurício Teles Barbosa reforçou que não vai deixar que questões políticas, ou que tenham quaisquer outras motivações, tragam questionamentos prévios sem antes ter sido finalizada a investigação da perícia da Bahia.
Ele defendeu novamente a atuação da Polícia Militar da Bahia e demais instituições do estado, como os órgãos de perícia técnica. Ele afirmou que eles ainda têm um prazo para que a investigação seja concluída.
Mário Câmara, diretor do IML baiano, declarou estar surpreso com as imagens que estão nas redes sociais, ele afirmou que não é possível analisar um vídeo que não foi autenticado pela perícia.
Resposta
O portal UOL procurou a assessoria de imprensa do senador para perguntar como ele conseguiu ter acesso ao vídeo, mas não obteve resposta. A assessoria também não disse se o parlamentar teve acesso aos resultados da perícia e autópsia que comprovassem que o miliciano morto foi realmente torturado.