Mais uma vítima do coronavírus, o técnico em enfermagem Klediston Kelps, de apenas 22 anos, despediu-se de sua família momentos antes de ser entubado.
Kledison veio a óbito devido à doença causada pelo novo coronavírus no último sábado (25), após passar 30 dias hospitalizado lutando pela vida. De acordo com informações do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso, o técnico de enfermagem torna-se assim a vítima mais jovem da covid-19 entre profissionais da área de saúde no estado.
Despedida
Antes da intubação, Kledison conversou com a mãe. O jovem técnico de enfermagem, que atuava na linha de frente contra o coronavírus, revelou durante a conversa que sentia que aquilo era um adeus.
O jovem também usou a despedida para orientar a família sobre os desejos relacionados a seu velório e passou os dados bancários e senhas dos cartões.
Relatos da mãe
A mãe do técnico de enfermagem, Elisângela da Silva Faria, relatou que o filho teve pulmão, baço e fígado atingidos pela doença causada pelo coronavírus e que Kledison revelou que tinha muito medo de ser intubado e não conseguir voltar mais.
Procurada pelo UOL, Elisângela contou que seu filho havia realizado dois testes para covid-19, porém ambos apresentaram resultado negativo. O diagnóstico foi confirmado após a realização de uma tomografia e RT-PCR. Mesmo contaminado, o técnico de enfermagem chegou a apresentar melhoras em seu quadro de saúde, porém durante a semana passada seu quadro agravou necessitando de intubação.
Kledison decidiu seguir a carreira pela admiração a Elisângela, a mãe que é técnica de enfermagem no Samu foi a inspiração para o filho. Ela conta que no momento da despedida ela sentiu que seu filho iria morrer, sentindo a dor da morte de seu filho em si mesma. Elisângela relata que ajoelhada pediu para que Deus a levasse, mas não levasse seu filho.
Desabafo
Ao falar sobre a morte do filho, Elisângela diz que foi a "gripezinha", definição dada pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o novo coronavírus.
A mãe diz que não consegue mais se alimentar, dormir ou trabalhar, precisando ser afastada de suas atividades para lutar por uma recuperação.
Chamando Bolsonaro de "genocida", Elisângela diz que sempre foi contra a postura do presidente desde o início da pandemia.
Mostrando-se contra as ações do governo durante a crise de saúde, ela desabafa ao mencionar que crianças, jovens e adultos estão sendo levados por essa doença. "Sempre fiz oposição a esse genocida que é o Bolsonaro", disse.
Só no estado de Mato Grosso, 22 profissionais da área de saúde vieram a óbito devido à contaminação por coronavírus, e mais de 700 funcionários testaram positivo.