Desde o último domingo (30) até a manhã desta terça-feira (1º), a Bahia teve o registro de 14 terremotos. Todos estes terremotos ocorreram na cidade de Amargosa, Recôncavo do Estado, de acordo com o que foi reportado pela Rede Sismográfica Brasileira (RSBR).

As imagens de imóveis danificados e prateleiras de um mercado sendo balançadas devido ao abalo mais forte que ocorreu no lugar, registrando magnitude 4,6, não demoraram para se espalhar nas redes sociais.

No entanto, o que muitas pessoas acharam diante da situação é que trata-se de algo inédito.

Contudo, ao que a Ciência indica, não é.

A geóloga Simone Cruz, que é professora do Instituto de Geociência da Universidade Federal da Bahia (Igeo/UFBA) e presidente da Sociedade Brasileira de Geologia (SBG) explicou, em entrevista à BBC News Brasil, um pouco mais a respeito do fenômeno que vem ocorrendo.

Ela descreve os mesmos como comuns na região e que eles têm uma frequência no local há muito tempo.

De acordo com a geóloga, há registros que foram enviados pelo menos nos últimos 100 anos a respeito deste tipo de evento.

Entretanto, ela explica que atualmente se tem melhores instrumentos para que sejam feitos estes registros. Devido à expansão urbana, e também pelo aumento da densidade populacional, as pessoas agora têm sentido estes efeitos.

Simone ainda explica que atualmente, onde se tem uma casa, há algum tempo poderia ser apenas uma área verde, e que por isso não teria ninguém no local para sentir o tremor.

Estudo de caso dos terremotos na Bahia

Agora, juntamente com mais cinco pesquisadores que fazem parte do Igeo, Simone faz parte de uma comissão que foi criada pela diretoria do instituto em questão, que terá como seu foco estudar a respeito do caso que ocorreu em Amargosa.

A pesquisadora ainda pontua que se sabe até o momento que o fenômeno em questão ocorre devido à dinâmica interna do planeta, pelas movimentações das placas, onde são liberadas energias que acabam causando o terremoto. Entretanto, é preciso agora avaliar para poder apontar uma causa específica para esta sequência de tremores.

A respeito da sequência citada pela pesquisadora, ela se refere ao que é chamado de “enxame sísmico”. Este é um fenômeno que se configura no momento em que um terremoto não acontece de uma forma isolada.

Ao contrário disso, este fenômeno em questão é formado por vários abalos, que podem acontecer no local, de uma forma em que eles sejam de fato associados.

Em relação a isso, um tremor pode iniciar o processo em questão e como se ele ecoasse no local, acontecerão outros que podem ser chamados de réplicas do primeiro tremor ocorrido. Estes outros tremores também podem ser chamados de tremores secundários.