Pouco tempo antes de ter sido intubada, a médica Monique Batista, 29, enviou uma mensagem ao marido através do WhatsApp onde escreveu: “eu volto rápido”. Semanas depois, Batista morreu por complicações do novo coronavírus.
A médica é apenas uma de milhares de vítimas da Covid-19 no país. De acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde, o Brasil já soma quase 150 mil mortos pela doença.
A Covid-19 fez vítimas em todo o mundo e, somando todos os óbitos, já morreram mais de um milhão de pessoas. Os Estados Unidos lidera do ranking de país com mais óbitos, e Brasil vem logo em seguida.
Para os amigos e familiares das vítimas, o que resta é a saudade e a lembrança. Vale lembrar que, devido ao isolamento imposto aos infectados com a doença, muitos não conseguiram nem ao menos dar o último adeus.
Mensagens trocadas pelas vítimas
Muitos destes familiares e amigos possuem as últimas mensagens trocadas com o paciente internado com Covid-19, através de aplicativos de mensagens. Algumas destas pessoas mostraram tais mensagens à BBC News Brasil, para assim, tentar mostrar a real tragédia por trás do alto número de infectados.
‘Volto rápido’
Como já citado no início do artigo, Monique Batista, que se formou em Medicina na Universidade Federal de Mato Groso (UFMT) em 2019, trocou mensagens com o companheiro momentos antes de ter sido intubada.
Por trabalhar na área da saúde, a jovem estava lutando na linha de frente contra a doença, no município de Campo Verde (MT).
De acordo com o noivo da médica, o engenheiro agrônomo Arthur Varmeling, “mesmo sendo asmática”, Monique nunca pensou em abandonar o trabalho quando se iniciou a pandemia da Covid-19. Segundo ele, ser médica era o sonho da jovem “desde a infância”.
Nas últimas mensagens trocadas pela médica com o engenheiro, ela pediu para que ele cuidasse de sua irmã, Letícia, 26, afirmando que “ela fica assustada”. Além disso, ela também prometeu que voltaria rápido. Para responder à amada, Arthur escrever “sei que jajá tá de volta” e finalizou declarando: “amo muito você”.
‘Tô apavorado’
Após ter apresentado os primeiros sintomas da doença, Felipe Garcia, 36, se mostrou assustado. Em mensagens enviadas à irmã, ele pediu que ela orasse por ele e afirmou: “tô apavorado”. Ana Cláudia Garcia recebeu estas mensagens do irmão no dia 7 de setembro, na ocasião, o estado de saúde de Felipe havia piorado.
‘Quero rosas brancas’
Em conversa com a mãe, o técnico de enfermagem Klediston Kelps, 22, fez um pedido sobre o arranjo de flores que ele queria em seu caixão. Segundo o jovem, ele queria rosas brancas enfeitando o seu caixão e apenas uma roda vermelha. Para responder a mensagem do filho, Elisangela da Silva Faria, de 40 anos, escreveu: “está sendo pessimista”.
‘Nada de pânico’
A médica Terezinha Aparecida de Matos, 64, afirmou a sus cunhada que estava sentindo medo após ter contraído a doença. Mesmo assim, ela ainda tentou tranquilizar a irmã Elizete, lhe pedindo calma.
Nas mensagens, Terezinha contou à irmã que sua saturação “não subia”, por isso, ela teve que ser levada para a UTI. Contudo, ela contou que não estava intubada, mas confessou que não descartavam esta possibilidade. “Por isso se acalmem, ok”, pediu a médica.
‘Está pertinho [para a chegada do bebê]’
Poucos dias antes de morrer vítima da doença, a médica Carolina Barros Patrocínio, 29, enviou uma mensagem de áudio para sua amiga, Cristina Abreu, que, na ocasião, estava grávida. No áudio, Barros comemorou a aproximação do nascimento do filho da amiga afirmando: “está pertinho”. Ao falar da amiga, Cristina confessou que a Carolina era como uma irmã que ela nunca teve.