Circula por grupos de WhatsApp de caminhoneiros um áudio de Tarcísio Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura, em que ele aparece afirmando que não irá atender a nenhum item da pauta dos caminhoneiros que anunciaram greve para segunda-feira (1°). A fala, cuja autenticidade foi confirmada pela pasta em nota, está recebendo muitas críticas e colocou mais lenha na fogueira do movimento.

O diálogo aconteceu no último sábado (30). Nele, o ministro da Infraestrutura conversa com um representante da categoria, que diz ser o vice-presidente da associação de caminhoneiros da cidade de Capão da Canoa (RS).

Freitas disse que além de ser impossível atender às reivindicações atuais, também não dá para fiscalizar o cumprimento dos benefícios conquistados pelos motoristas na greve de 2018.

Naquele ano, a paralisação dos caminhoneiros teve o apoio do então candidato a presidente da República Jair Bolsonaro. Após o movimento, a maioria dos integrantes da categoria declarou que iria votar em Bolsonaro. Em nota enviada ao colunista Chico Alves, do portal UOL, o Ministério da Infraestrutura informa que o ministro Tarcísio conversou por telefone com um representante da associação e ressaltou o posicionamento referente às ações setoriais adotadas pelo ministério, além da política de não manter negociações quando há um indicativo de que irá ter paralisação.

Na gravação, pode ser ouvido o ministro dizer, entre outras coisas, que os caminhoneiros têm que “desmamar” do Governo federal e que devem ter um pensamento de empresários. O ministro da Infraestrutura ainda disse que existem obstáculos econômicos que foram piorados pela ação dos prefeitos e governadores que fizeram o lockdown para barrar o avanço da pandemia do novo coronavírus.

Tarcísio disse ainda que suspeita de uma motivação política na paralisação dos caminhoneiros, por esta coincidir com a votação para a escolha do novo presidente da Câmara dos Deputados.

No começo do diálogo, o ministro relembrou que sempre recebeu os caminhoneiros para ouvi-los. Freitas então reclamou que não se deve fazer paralisação para ser ouvido.

O ministro ainda argumentou que, na realidade, a paralisação encerra os canais de comunicação e assegurou que enquanto houver paralisação não irá conversar com ninguém.

Demandas

Diversos integrantes de grupos de caminhoneiros relatam que as reuniões que ocorreram desde que o atual governo federal está no poder não resultaram em medidas concretas. Dentre os pedidos da categoria está a isenção de impostos para os derivados do petróleo, o não pagamento de pedágios, além da fiscalização nas estradas, para garantir que seja cumprida a lei que determina o piso mínimo do frete, entre outros pedidos.