Nesta quarta-feira (14), um estudo publicado pela revista científica Nature detectou que a devastação florestal na Amazônia provocou em áreas desmatadas um fenômeno inverso na absorção do carbono. Os dados passaram a indicar que a floresta, ao invés de absorver, está emitindo gás carbônico.

O sudeste da Amazônia é apontado como a região mais crítica. Ela é o ponto de fronteira com outros biomas e é considerado o berço do “arco do desmatamento”.

Floresta amazônica emite 0,29 bilhão de toneladas de carbono

A cientista Luciana Vanni Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), liderou a pesquisa que aponta que a floresta está emitindo 0,29 bilhão de toneladas de carbono ao ano além do que consegue absorver.

A equipe de pesquisa chegou a esses números por meio da coleta de 590 amostras do ar em diferentes altitudes (entre 4.420 metros e 300 metros acima do nível do mar). Esse trabalho necessitou fazer uso de aviões em quatro pontos distintos da Amazônia durante o período de 2010 e 2018 e assim obter dados sobre os efeitos do desmatamento.

Normalmente, os projetos científicos para obter esse tipo de levantamento são feitos por meio da coleta do material disponível nos troncos das árvores e assim medir o carbono. O diferencial da pesquisa realizada pela equipe de Luciana Gatti e publicada na revista científica Nature foi medir o CO2 contido no ar. A metodologia utilizada se deveu à crença de que essa forma de análise monitora o nível de gases tóxicos na atmosfera com mais exatidão.

Brasil deveria ser punido por não parar o desmatamento, diz jornal

Um editorial publicado pelo jornal britânico Financial Times afirmou que os investidores deveriam punir o Brasil por não agir em prol da contenção da alta do desmatamento na Amazônia.

De acordo com o editorial, há um grupo de investidores que detêm US$ 7 trilhões em ações e títulos públicos brasileiros e que elencaram entre seus objetivos a redução significativa do desmatamento.

Contudo, não informaram o que aconteceria se as metas não fossem alcançadas. Diante disso, a publicação cobra dos investidores que enviem um sinal a Brasília solicitando uma ação ou, do contrário, irão desfazer esses investimentos.

Ativismo de investidores cobra melhores práticas ambientais

O ativismo de investidores pode contribuir para o bem da Amazônia, visto que são detentores de ações e títulos.

A pressão sobre as companhias e governos de todo o mundo cobra melhores práticas de governança, redução de emissões de carbono, equilíbrio de gênero, maior diversidade racial, além de cobrar a produção de lucros mais altos.

No ano passado, muitos administradores de ativos se uniram a fim de pressionar o governo de Jair Bolsonaro e assim conseguir conter o desflorestamento da Amazônia. Dentre as expectativas estavam a inclusão e aplicação do Código Florestal brasileiro, bem como a prevenção de incêndios em áreas florestais.

O Brasil chegou "a um estado em que acusações infundadas se tornaram prática comum", disse Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe, no mês passado, ao acusar o governo de tentar minar a Ciência, segundo o jornal Financial Times.

No entanto, o avanço do desmatamento ainda continua. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), mostrou que a área desmatada da Amazônia Em maio deste ano equivale à cidade do Rio de Janeiro.