Muitas pessoas participam de exposições, e na maior exposição de arquitetura e decoração do país, a Casacor, não seria diferente. São milhares de visitantes a cada edição, mas no último sábado (23) algo de inusitado aconteceu no evento.
A advogada cadeirante Nathalia Blagevitch Fernandez, de 30 anos, afirmou ter sido expulsa da exposição após fazer uma reclamação sobre a falta de acessibilidade do evento e pedir seu dinheiro de volta. A advogada tem paralisia cerebral e estava com uma cadeira motorizada para se locomover.
Nathalia foi ao evento, localizado em um dos anexos Allianz Parque, na zona oeste de São Paulo, com uma acompanhante.
Ela afirma ter comprado os ingressos, no valor de R$ 50 cada, via internet e informado ser uma pessoa com deficiência. Depois de olhar a exposição no primeiro andar, Nathalia teria perguntado como poderia subir aos outros andares da exposição, já que a amostra abrange sete andares do edifício.
Funcionários da organização responderam que, após uma falha elétrica, o elevador que levaria aos outros andares estava sem funcionar, e ela poderia fazer uso do elevador de carga para acessar apenas o segundo andar.
Sem poder ver a maior parte da exposição, Nathalia afirma que chegou a perguntar se alguém poderia carregá-la até os outros andares. Contudo, o pedido foi negado. A advogada então pediu o dinheiro de volta, o que, segundo ela, a organização se negou a fazer.
Nathalia ainda contou que, quando saiu do elevador de carga, viu uma mulher com carrinho de bebê e uma idosa com bengala e informou a elas que seria melhor voltarem outro dia, pois a exposição estava sem acessibilidade. Neste momento, relata Nathalia, uma funcionária que a acompanhava disse para a cadeirante "calar a boca" e que ela não sabia de nada.
Logo depois da ofensa, a advogada chamou a polícia e afirma ter sido retirada do local do evento.
Nathalia disse que a falta de acessibilidade é muito comum, mas que os espaços costumam contornar esse tipo de problema. Segundo a advogada, em 90% dos casos carregam ela no colo ou dão alguma outra opção. Contudo, ela afirma que nunca havia sido chamada de mentirosa ou sido expulsa de um evento.
Quando os policiais chegaram, Nathalia relatou que eles disseram que não poderiam fazer nada e informaram que ela poderia fazer um boletim de ocorrência online. A advogada registrou um boletim online e afirma que irá à Delegacia de Polícia da Pessoa com Deficiência, no centro da capitalpaulista, para reforçar a denúncia.
Casacor se defende
Em nota, a organização da Casacor se manifestou dizendo que "repudia qualquer ato discriminatório e que ministra treinamentos aos funcionários, bem como aos seus terceirizados, enfatizando sempre os protocolos internos de conduta e responsabilidade no trato com seus visitantes".