O MPF (Ministério Público Federal) do Pará declarou nesta quinta-feira (13), em nota, não ter registro de quaisquer denúncias ao órgão nas últimas três décadas sobre tráfico de crianças na Ilha de Marajó, assim como também não existem relatos semelhantes 'às torturas citadas' pela ex-titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF).
Sem registros
No último final de semana, a senadora recém-eleita relatou supostos crimes contra crianças na Ilha de Marajó. Os crimes relatados foram de violência sexual.
Segundo o órgão, entre os anos de 2006 a 2015, foram instaurados três inquéritos civis e um policial sobre denúncias de supostos casos de tráfico internacional de crianças. Nenhum dos inquéritos registrou nada parecido ao que foi relatado pela apoiadora do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
O MPF declarou também que os relatos que não falam sobre tráfico de crianças foram endereçados ao Ministério Público do Estado do Pará (MP-PA), que na quarta-feira (12) pediu que o Ministério da Mulher, da Família e dos Direito Humanos compartilhasse as denúncias que dão suporte às falas da ex-chefe da pasta, para que assim os crimes possam ser investigados. O MP-PA declarou que está esperando que a pasta que já foi comandada pela senadora eleita conceda as informações.
O órgão explicou que até o início da tarde da quinta-feira o ministério ainda não havia dado uma resposta.
Polícia
A Polícia Civil do Pará enviou nota ao portal UOL em que declarou que não há registro sobre a maneira de atuação relatada por Damares e já encaminhou um ofício que solicita os documentos e mídias utilizadas por ela para dar início de maneira urgente a uma investigação sobre o que foi relatado.
PGR
Nos últimos dias, as declarações da senadora eleita fizeram que ela recebesse uma série de pedidos de esclarecimentos do MPF e a Procuradoria-Geral da República (PGR) foi acionada contra ela, pois na época dos crimes que foram relatados por ela, Damares exercia um cargo no Governo federal.
Resposta
Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos declarou em nota divulgada na quarta-feira, as declarações da ex-ministra de Jair Bolsonaro são baseadas em diversos inquéritos que já foram instaurados e que dariam conta de fatos extremamente graves contra crianças e adolescentes.
A pasta ainda declarou que, falando especificamente sobre o caso da Ilha de Marajó, foi criado o programa Abrace o Marajó, que trata sobre a vulnerabilidade social, e que foram investidos R$ 950 milhões em "iniciativas para o desenvolvimento econômico e social do arquipélago".
Voz das ruas
Damares Alves disse em uma entrevista na quinta-feira (13) que "ouviu nas ruas" as denúncias que fez sobre o suposto abuso de crianças no estado do Pará. A declaração da senadora recém-eleita foi dada ao jornal O Globo. O MPF questionou a ex-titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A bolsonarista forneceu três relatórios para comprovar a sua denúncia, porém, o extenso relatório com pouco mais de duas mil páginas de documentos não revelaram nada, segundo análise feita pelo jornal O Estado de S. Paulo.