Na segunda-feira (10), o Ministério Público Federal (MPF) enviou ofício a Tatiana Barbosa de Alvarenga, a secretária executiva do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). O ofício solicita informações sobre supostos crimes cometidos contra crianças que a ex-ministra Damares Alves declarou que descobriu quando visitou o arquipélago do Marajó, no Pará.

Integrantes do MPF no estado do Pará pediram à Secretaria-Executiva da pasta que fossem apresentados os supostos casões que o ministério teria descoberto, e que fossem revelados todos os detalhes que o MMFDH tem conhecimento, para que assim possam ser tomadas as providências cabíveis.

O MPF também pede que o ministério informe que providências tomou quando descobriu os casos e se apresentou denúncia ao MPF ou à polícia.

O caso

No último sábado (8), Damares Alves foi à em uma igreja evangélica de Goiânia e afirmou, sem apresentar provas, que crianças na Ilha de Marajó estão sendo traficadas e tendo os dentes arrancados para evitar que mordam quando forem obrigadas a terem relações sexuais, além de serem alimentadas com comidas pastosas para ficarem com "o intestino livre" na hora de terem relações íntimas.

Segundo a ex-ministra do Governo Bolsonaro, o número de abusos de recém-nascidos “explodiu” e o ministério que comandava possui imagens de crianças de apenas oito dias de vida sofrendo abuso.

A ex-ministra ainda afirmou que um vídeo que registra este tipo de crime é vendido por preços entre R$ 50 e R$ 100 mil.

No vídeo, que foi compartilhado pelo deputado federal bolsonarista recém eleito Mario Frias (PL-SP), Damares Alves declara que tomou conhecimento do caso quando era ministra do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A situação motivou o grupo Prerrogativas a apresentar uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso e também pediu a instauração de procedimento de investigação sobre suposto crime de prevaricação por parte da ex-ministra apoiadora do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro.

A ação diz que, se os fatos apresentados por Damares Alves forem verdadeiros e somente agora ela tornou público sem ter feito nada para investigar o caso, deve-se apurar se houve crime de prevaricação.

O grupo ainda pediu esclarecimentos ao MMFDH se são verdadeiras estas declarações.

Ódio

Damares Alves (Republicanos) acabou de ganhar a eleição para ocupar o cargo de senadora pelo Distrito Federal. Na noite de segunda-feira, ela publicou um vídeo no Instagram em que mostrou uma postagem com a data do dia 2 de outubro em que ela recebe ameaça de morte. Segundo a parlamentar, ela está sendo vítima do “ódio da esquerda” por ser cristã. Na legenda do vídeo ela dá a entender que irá falar sobre os pedidos de esclarecimento do MPF, mas em nenhum momento falou sobre o tema.