Após investigações e ações do governo para fechar o cerco em perfis de redes sociais tradicionais, uma nova rede social está sendo utilizada para a reunião de grupos que defendem determinados tipos de violência, entre eles, os ataques a escolas. Segundo informações publicadas pelo portal UOL, os perfis da nova plataforma, cujo nome não será divulgado para evitar dar publicidade, reproduzem conteúdos ligados a violência e ameaças a escolas.

Autoridades

Após o ataque a uma creche na cidade de Blumenau (SC) no último dia 5 de abril, atos de violência e ameaças contra redes educacionais de ensino se tornaram um dos assuntos mais abordados pela população e autoridades.

Uma das posturas do Ministério da Justiça em torno do tema foi publicar uma portaria que obrigava as redes sociais a excluir todo o tipo de conteúdo que fizesse apologia à violência.

Negativa

Apesar da ordem judicial, a plataforma em questão afirma que não acatará solicitações de bloqueio ou exclusão de perfis, argumentando que a "liberdade de expressão é um pilar fundamental".

O argumento usado pela rede social, no entanto, é um grande equívoco, pois a liberdade de expressão é um direito de todos desde que não viole os direitos do próximo, ou seja, não é absoluta.

Polícia Federal

A Polícia Federal foi informada do que ocorre na plataforma através de uma denúncia das pesquisadoras Letícia Oliveira e Tatiana Azevedo, que produziram um relatório sobre a nova rede.

Letícia já realizou um estudo sobre a ligação de pessoas de extrema direita com os ataques em escolas. O estudo foi entregue em dezembro passado à equipe de transição de governo após a derrota de Jair Bolsonaro para Lula nas últimas eleições presidenciais.

A Polícia Federal e o Ministério Público foram procurados pela equipe de reportagem do UOL, no entanto, não ouve manifestação sobre o caso até o momento.

Plataforma

Segundo o relatório apresentado pelas pesquisadoras, fotos com a máscara de caveira, símbolo utilizado anteriormente em ataques a escolas e ligado à extrema direita, fazem parte das postagens exibidas na plataforma. Algumas publicações teriam inclusive criado uma vaquinha virtual no intuito de financiar supostos ataques futuros.

Tatiana afirma que o grupo de jovens responsável por tais conteúdos é sólido e se conhece há muito tempo, e que diante disso o bloqueio ou exclusão de outras redes sociais não seria o suficiente para que fosse dissipado.

A pesquisadora, que analisa e monitora grupos neonazistas e neofascistas, afirma ainda que a própria nova rede social induz os usuários a usarem VPN, método que dificulta o trabalho da Polícia Federal em localizar e identificar os usuários, e que isso, aliada à posição do proprietário da plataforma, representa uma série de perigos.