Já diz o ditado popular: a diferença entre veneno e remédio é a dosagem. Isso é válido no caso dos remédios, todos eles tem efeitos colaterais e podem causar problemas. No entanto, quando os pontos negativos se tornam preocupantes a ponto de superar os benefícios, é hora do alerta. É o caso do anti-inflamatório super popular no Brasil, a Nimesulida. Produzido por diversos laboratórios sem restrições, tem vários nomes comerciais como: Scaflam (Mantecorp), Mesalgin (TKS), Nisulid (Ache), Optaflan, (Gallia) e Nimesilam (EMS).

O genérico leva o próprio nome da substância: Nimesulida.

A Nimesulida é um anti-inflamatório não-esteróide indicado para tratar desde dores de garganta, ouvido, dente até osteoartrite, miostite e lombaciatalgia. Os médicos receitam pela sua eficácia analgésica. Porém, o custo para o organismo colocou esse remédio como vilão em diversos países do mundo. Este remédio foi primeiro lançado na Itália e depois se espalhou por todo o mundo, menos nos Estados Unidos, onde jamais foi tentado o processo de liberação junto ao Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador do país.

Na Irlanda, desde que o Nimesulida entrou no mercado, em 1995, ocorreram um total de 56 casos de insuficiência hepática, incluindo três mortes, segundo a Unidade Nacional de Transplantes de fígado do St.

Vincent University Hospital. Em 2007, o Irish Medicine Boards, órgão regulador daquele país, recebeu mais 6 notificações de insuficiência hepática relacionada com o remédio, o que fez com ele fosse definitivamente proibido.

A polêmica em torno do Nimesulida extrapola o campo médico. Em maio de 2008, o jornal italiano Corriere della Sera denunciou um esquema de corrupção em que funcionários da agência reguladora de Saúde da Itália (AIFA) estavam recebendo propinas de laboratórios farmacêuticos. As investigações, que haviam começado em 2005, depois da suspeita que testes de remédios haviam sido falsificados, terminaram com a prisão de oito pessoas.

Em setembro de 2007, estudos sobre o risco-benefício da Nimesulida foram conduzidos pela instituição europeia responsável, a European Medicines Agency.

Foi concluído que os benefícios superam os riscos. No entanto, a agência afirmou que é preciso limitar o tratamento em, no máximo, 15 dias. Qualquer período acima desse tempo aumenta consideravelmente o risco de problemas hepáticos e renais.