O mundo está dividido em dois grupos muito distintos de pessoas: aquelas que adoram coentro, e aqueles que odeiam. O coentro é uma erva bastante utilizada na culinária brasileira, latino-americana e asiática; aqui no Brasil, especialmente no Nordeste, o tempero faz bastante sucesso, seja na forma de brotos, sementes ou da erva em si.
Mas também há uma significante parcela da população que simplesmente não suporta sentir o gosto do coentro; para estes, a planta tem um forte gosto semelhante ao gosto de sabão, algo que, com certeza, não é desejável em um prato de comida.
Mas o que faz com que algumas pessoas gostem imensamente de coentro, enquanto outras consideram que o mesmo tem gosto de produto de higiene?
A ciência tem uma explicação para isso. Estudos mostram que a aversão que algumas pessoas sentem ao coentro está ligada a uma predisposição genética. O neurocientista Charles Wysocki estudou a rejeição ao sabor do coentro analisando pares de gêmeos.
Entre gêmeos idênticos, Wysocki observou que 80% deles tinha o mesmo gosto em relação Coriandrum sativum (nome científico do tempero). Já entre gêmeos não idênticos, que compartilham apenas metade de seu genoma, o índice de concordância a respeito do coentro caiu para 50%. Para Wysocki, isso prova que existe um forte componente genético capaz de tornar o indivíduo um ''odiador'' de coentro.
Para Lili Mauer, pesquisadora em nutrição da Universidade de Toronto, no Canadá, esta aversão ao coentro é maior em algumas populações do que em outras; 21% dos chineses e japoneses detestam este tempero. 17% dos europeus e 14% dos africanos também não suportam a planta. Já na América Latina, na porção Sul da Ásia e no Oriente Médio, o coentro é mais tolerado e até apreciado; nestes locais apenas de 3 a 7% da população tem repulsa pelo coentro.
Mas e o gosto de sabão?
Estudos químicos apontam que o aroma do coentro é proveniente de alguns fragmentos modificados de moléculas adiposas, os aldeídos. Os mesmos aldeídos - ou alguns muito semelhantes - podem ser encontrados em produtos de higiene, tais como sabões, shampoos e loções. Isso é o que faz os ''odiadores'' de coentro associarem o sabor da planta à sensação de comer sabão ou sabonete.
Essa associação com algo não comestível contribui ainda mais para a repulsa a esse tempero. O neurocientista Jay Gottfried, da Universidade de Northwestern, explica que o cérebro busca em sua memória um padrão de experiência anterior no qual poderia encaixar o novo sabor. Portanto, quando uma pessoa geneticamente predisposta a não gostar do coentro experimenta este tempero, o cérebro não perde tempo ao categorizá-lo como algo ''não desejável'' e associá-lo a algo não comestível, como o sabão.
A associação com algo não comestível faz com que o cérebro encare o coentro como uma ameaça ao sistema digestório e assim, a pessoa passa a não suportar o cheiro ou o sabor da planta.
Segundo os especialistas, no entanto, é possível aprender a gostar de coentro.
Uma dica dada por eles é que as folhas sejam cortadas em pedaços menores, como num molho pesto, por exemplo. Desta forma os aldeídos ''com gosto de sabão'' ficarão menos perceptíveis. Vale tentar combinar o coentro com outros sabores, como o limão, por exemplo.
E você, gosta de coentro? Já experimentou consumi-lo de outras formas?
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